Psicóloga que ajudou o lateral a recuperar a confiança, em 2011, explica o processo utilizado: focar nas coisas positivas e usar o sentido de humor para afastar os males.
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Layún reconheceu, na semana passada, que a ajuda que recebeu de uma psicóloga desportiva foi determinante para superar a crise de autoestima que, em 2011, o fez questionar a carreira, ao mesmo tempo que todo o México o gozava através da famosa hashtag "tudoéculpadeLayún". A verdade é que, em menos de cinco anos, o defesa passou de cliente habitual das bancadas do Estádio Azteca à titularidade no FC Porto, com o sucesso que se sabe. De tal forma que os dragões estão dispostos a pagar seis milhões de euros pelo seu passe. Pelo meio, o lateral foi duas vezes campeão da liga mexicana com o América e jogou um Mundial, o último, no Brasil, em 2014.
O segredo para o sucesso? Rir dos próprios males e uma grande força de vontade. Layún fintou a situação com a ajuda dos conselhos da psicóloga desportiva Cláudia Rivas. "Acho que todos no mundo já sofreram bullying em algum momento. Agora, imaginem ter um país inteiro a gozar convosco. Em vez de reclamar, qual foi a primeira coisa que chamou a atenção do Miguel? Foi o que podia fazer para inverter isso", contou a psicóloga numa entrevista ao jornal "Cancha", do México. "Aplicámos técnicas de trabalho da psicologia desportiva e a respiração para o controlo emocional. Isso pode ver-se no momento em que ele bate livres ou penáltis. Ele passou a usar isso como uma coisa normal", acrescentou Cláudia Rivas.
Em 2011, Layún bateu no fundo do poço. Não era sequer convocado no América e tinha de lidar com os constantes ataques nas redes sociais. Cláudia Rivas explicou qual foi o ponto de viragem. Uma história curiosa, diga-se. "O Miguel estava a viajar para Orizaba, de carro, sozinho, e furou um pneu. Nessa altura, ele já estava mentalizado para mudar as coisas na sua vida porque trabalhámos muito para que se focasse no positivo. Dessa forma, o negativo acabaria por desaparecer e o sentido de humor bem focado tem poderes curativos. Ele procurou o pneu sobressalente e disse: "que cabeça no ar, não o meti no carro". Estava ele no meio de nenhures, num sítio despovoado, sentou-se e começou a rir de si mesmo, saindo-se com esta: "agora sim, tudo é culpa do Layún". É uma grande lição saber rir das situações negativas e aproveitar algo que está escondido nisso que, afinal, é a responsabilidade", explicou a psicóloga. O resto da história está a ser contado, todas as semanas, num relvado perto de si.