"Rendimento de Zalazar tem sido muito bom. Não pode parar, até pelo objetivo da seleção"
Rodrigo Zalazar tem exibido a melhor versão na Champions e encheu o campo contra o Union Berlim. José, o pai, antiga estrela da seleção charrua e do Albacete, reconhece forte crescimento em Portugal.
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Rodrigo Zalazar somou anteontem 20 jogos com a camisola do Braga e produziu uma das melhores exibições da época, enchendo o campo em diferentes papéis e respondendo com um compromisso que desarma qualquer dúvida. O internacional uruguaio, de 24 anos, foi um dos dínamos da supremacia gigante dos bracarenses, que se reiventaram para revolucionar um jogo que parecia perdido, olhando à desvantagem e à inferioridade numérica que transitava da primeira para a segunda parte.
Foi no miolo que o Braga esmagou e reduziu a quase nada o Union de Berlim, mesmo após Artur Jorge ter retirado o competente Vítor Carvalho para assegurar resistência atrás com Serdar, remendos necessários pela expulsão de Niakaté.
Zalazar encostou a Moutinho e os astros alinharam-se na perfeição nesse casamento, exímio na pressão e na circulação, mais curta e entrelinhas patrocinada pelo português, mais inventiva e furtiva na variação de jogo, imposta pelo uruguaio, dono de noções ímpares de geometria e estética. Uma ligação de sonho que ofereceu aos espectadores 20 minutos arrebatadores, que podiam ter valido confortável reviravolta. Zalazar arquitetou o assalto e também furou as linhas recuadas dos alemães, agitando a equipa e amedrontando o rival.
O pai, José Luis Zalazar, antiga estrela do Albacete, o melhor da história do clube espanhol com 76 golos em 258 jogos, falou com O JOGO do grande momento do médio, titular em 11 dos 20 jogos em que participou, e com estatuto titular, por regra, na Champions. “Está a fazer um grande campeonato e a revelar um ótimo comportamento na Europa. Na Champions têm-se visto melhor as suas virtudes. Está muito contente em Portugal, onde todos os companheiros o têm ajudado”, destaca o antigo craque do Uruguai, hoje com 60 anos e a residir em Málaga, o que já permitiu algumas visitas como as que fez nos anteriores jogos em casa do Braga na Champions, com Nápoles e Real Madrid.
“É um orgulho ver o meu filho ter sucesso no desporto que amo e na profissão que ele escolheu. O crescimento futebolístico tem sido evidente, a Champions ajuda nessa transcendência, mas tem de ser sempre em benefício da equipa. Isso é o mais importante”, relata, valorizando a forma como o filho e o resto do coletivo souberam disfarçar a carência de um homem.
“Foi um jogo muito duro e complicado, pois tiveram de aguentar com menos um. Pelo que fez na segunda parte, o Braga merecia muito mais do que o empate, a equipa sacrificou-se imenso pelo objetivo”, evidencia.
“Não perder era vital, agora pode jogar a sua última bala em Nápoles, e tudo pode acontecer. O rendimento da equipa mostra que o Braga vai discutir esse apuramento para os oitavos. Deve isso ao esforço de todos!”, gaba, discorrendo mais concretamente sobre Rodrigo. “O rendimento dele tem sido muito bom, está a demonstrá-lo a um nível muito alto. Não pode parar, até pelo objetivo da seleção”, finaliza.
Apesar de não ter ido ao estádio, José Luis Zalazar tinha também do lado do Union Berlim um velho amigo, já que o estreante Nenad Bjelica foi seu colega duas épocas no Albacete. “Foi um grande jogador, um profissional extraordinário, um bom amigo, e era alguém muito importante no grupo. Mas não falei com ele sobre o meu filho”, admite, lendo o conforto de Rodrigo contra adversários alemães, fruto das passagens por St. Pauli e Schalke 04. “Tem um passado na Alemanha que lhe permite conhecer os jogadores, acho que lhe dá automaticamente mais confiança”, assinala.