Relvado sintético, o outro adversário do FC Porto na Suíça: "Eles molham muito o piso"
José Mourinho, agora no Tottenham, foi o último que venceu em casa do Young Boys para as provas europeias
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O relvado artificial do Stade de Suisse é uma vantagem para o Young Boys? A pergunta tem sido recorrentemente colocada aos treinadores que passam pelo estádio e a verdade é que todos lhe torcem o nariz. José Mourinho foi um deles, ao ponto de ter deixado Antonio Valência (Manchester United) de fora devido aos problemas físicos que o piso poderia causar ao equatoriano. Mesmo assim, o português, agora no Tottenham, foi o último que lá venceu para as provas europeias (2018/19). Entretanto passaram por lá cinco rivais, um deles a Juventus, de CR7 (foi titular).
Mas, afinal, que dificuldades este tipo de relvado pode causar a quem não está habituado? A resposta foi dada a O JOGO por quem já o pisou esta temporada. "Dizem que é dos melhores, mas, na minha opinião, é difícil, porque é mais rápido e dificulta um pouco a adaptação", explicou Tomané, avançado do Estrela Vermelha, opinião partilhada também por Michael Gonçalves, do Servette. "É um sintético duro, que está sempre muito molhado e a bola torna-se mais rápida. Todas as equipas sofrem um bocado e sentem mais dificuldades. Isso notou-se com a Juventus", salientou o lateral luso descendente, numa alusão à derrota dos italianos, por 2-1, na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões de 2018/19.
"Este é um jogo em que é determinante fazer a ambientação ao piso, para se perceber as sensações com bola e sem bola e ver como ela se comporta, sobretudo porque eles molham muito o piso e isso torna tudo diferente"
Curiosamente, nenhum dos inquiridos voltou a casa derrotado (foram, a par do Basileia, dos poucos que o conseguiram em 2019/20). Mas sentiram na pele os problemas que o FC Porto poderá enfrentar hoje. "Este é um jogo em que é determinante fazer a ambientação ao piso, para se perceber as sensações com bola e sem bola e ver como ela se comporta, sobretudo porque eles molham muito o piso e isso torna tudo diferente", sublinhou Michael Gonçalves. Essa adaptação ao relvado sintético foi cumprida apenas ontem, ao final do dia em Berna, até porque Conceição optou manter as rotinas de treino no Olival.
É na qualidade dos jogadores e do coletivo que o treinador dos dragões coloca todas as fichas para vencer hoje. Para Tomané, esse é o pormenor que fará a diferença. "No início [o relvado] poderá constituir alguma vantagem, mas só até os jogadores se adaptarem. O FC Porto tem de aproveitar as dificuldades que eles têm na defesa. Os centrais são lentos e inseguros. Com laterais muito ofensivos, é mais fácil aproveitar os espaços nas costas", sustentou.
Recuperação custa mais
Os problemas causados por um relvado artificial a quem não está habituado não terminam com o jogo. A recuperação pode custar mais. "Como não joguei muito tempo, não senti tanto. Mas costuma ser complicado para quem tem problemas de joelhos ou costas", indicou Tomané, que entrou apenas aos 77" do encontro que o Estrela Vermelha empatou (2-2) no play-off da Champions. "Os músculos ressentem-se mais, principalmente no dia seguinte. É preciso mais cuidado na recuperação, daí que a esmagadora maioria dos jogadores não goste de sintéticos", rematou Michael Gonçalves.