O anúncio do regresso dos adeptos aos estádios acalmou as queixas de clubes, amplificadas depois do governo ter permitido a realização da Champions no Porto, evento que acolheu espectadores vindos de Inglaterra. As receitas de bilheteira são essenciais para a sobrevivência do futebol nacional.<br/>
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Quatro dias depois de termos assistido ao regresso dos adeptos às bancadas de um estádio português - no caso o do Dragão, que acolheu a final da Champions à qual assistiram 14 110 espectadores ingleses -, o primeiro-ministro António Costa anunciou, na passada quarta-feira, que a partir do dia 28 de junho os recintos desportivos, incluindo os estádios de futebol, passam a poder receber adeptos até um máximo de 33 por cento da sua lotação.
Certamente, irá representar um alívio para os cofres dos clubes nacionais que desesperam por receitas de bilheteira, mas com efeitos substancialmente diferentes.
Neste caso, os maiores prejudicados são os chamados três grandes, habituados a terem assistências em mais de 50 por cento superiores às que serão agora permitidas nos respetivos estádios. Também o V. Guimarães, o quarto emblema com melhor média de assistências na época de 2018/19, pode ser seriamente afetado, perdendo até cerca de metade da sua audiência (mais de nove mil).
Tomando por referência a última temporada completa com público, fazendo a diferença entre a assistência média e a que será permitida, o Benfica poderia perder até 32 161 espectadores por jogo, o FC Porto 25 116 e o Sporting 17 160. Contudo, o valor deste último tem por referência uma época fraca dos leões que, partindo este ano como campeões, teriam certamente a possibilidade de atrair maior número de adeptos.
Num patamar bastante diferente em termos de número de adeptos, mas igualmente elevado em termos percentuais, o Marítimo também seria altamente prejudicado com uma quebra de cerca de três mil adeptos por cada encontro no seu estádio. Clubes como o Braga, Portimonense, Famalicão, Moreirense e Tondela ficariam igualmente a perder.
Belenenses com "zero efeito"
Como se pode constatar na infografia ao lado, serão muitos os clubes cujas médias de assistências ficam aquém do limite de lugares permitidos - mesmo que possam eventualmente perder receitas nos jogos com Benfica, Sporting e FC Porto, que habitualmente fazem disparar o número de adeptos para cima do limite dos 33 por cento dos estádios.
Contudo, um clube certamente não sentirá qualquer efeito negativo. Falamos do Belenenses que, utilizando o Estádio Nacional do Jamor, com capacidade de mais de 38 mil lugares, tem uma média inferior a três mil espectadores. E podendo acolher mais de 12 mil adeptos nos seus jogos - atenção que os números apresenta para todos os estádios são referências para 33% e podem ser alterados para baixo por imposições de segurança -, até as receções a Benfica, Sporting e FC Porto poderão ficar com o número de espectadores que tem sido normal em épocas recentes.
Fora desta análise fica o Vizela, clube que só na época passada disputou a II Liga depois de várias épocas no Campeonato de Portugal e para o qual não há números de espectadores.
Despesas podem aumentar
Apesar da capacidade dos estádios reduzir, os clubes até podem ver aumentar as suas despesas com a realização dos jogos, dada a necessidade de espalhar o público pelas bancadas, algumas às vezes até fechadas. Ou seja, terão de ter mais stewarts, por exemplo.