"Reforços do Benfica? Não estamos a falar de internacionais de trazer por casa..."

Acérrimo defensor da formação, com regras bem definidas, Rui Vitória elogia a estratégia leonina, levada a efeito esta temporada.

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A aposta do Sporting na formação foi a decisão correta?

-Já houve provas mais do que suficientes de que este [aposta na formação] deve ser o caminho a seguir no futebol português. Havia muitos sportinguistas que não saberiam quem é o Gonçalo Inácio e as capacidades do Tiago Tomás se não houvesse esta aposta. Quero dizer, que mesmo não sendo estrelas há qualidade na formação e deve ser aproveitada. Não tem de ser toda, mas se olharmos para aquilo que tem sido o passado das seleções e olhando para o Benfica e FC Porto, que têm ido às finais da Youth League, facilmente concluímos que apostar na formação dá resultado. Quando se vai a uma competição destas estamos a jogar com os melhores da nossa idade e estes jogadores têm de ter qualidade. É uma questão de se esperar pela oportunidade, mas a qualidade está lá. Sempre que se apostou nisso, normalmente deu frutos. Há dois ou três anos, o Sporting perdeu a possibilidade de ter jogadores da formação com muita qualidade. Este é um caminho muito fiável, temos essa riqueza. Não é apenas o Sporting. O FC Porto também tem um conjunto de jogadores de qualidade, jovens que de vez em quando vão jogando, vão entrando. Isto minimiza o custo, dá alegrias aos adeptos e dá esperança à formação.

E o Benfica?

-As pessoas decidiram ter outra visão do plantel, são decisões que se tomam e cada administração e cada Direção vai no caminho que entende em determinado momento. São situações circunstanciais. Do ponto de vista genérico, nunca se deve descurar a formação. Não digo que se vai ganhar só com jogadores da formação, agora também ninguém diz que se incluirmos um conjunto de jogadores da formação no plantel principal que se vai fazer muito pior figura do que aquilo que às vezes acontece sem eles.

Citação citacao "Não são internacionais de seleções de trazer por casa"

Mas quando se escolhe um treinador já se sabe que caminho irá seguir?

-Genericamente, quando se escolhe um treinador ele tem um perfil que se vai encaixar naquilo que se pretende. A relação entre a Direção e o treinador tem de estar completamente definida. A pior coisa que pode haver é dizer-se "eu quero apostar na formação mas vou buscar um treinador com outro perfil" ou "eu quero jogar num sistema onde se constrói desde o guarda-redes, independentemente de correr riscos, e vou buscar um treinador que gosta de bola direta". Eu acho que tem de estar tudo em sintonia.

O que falhou então esta época no Benfica e depois de um investimento tão elevado?

-Às vezes há um jogo, com um aspeto positivo ou negativo, que é o início de tudo. As equipas tiveram cuidado e fizeram contratações com critério. Às vezes, as coisas podem não funcionar. Qualquer dos clubes contratou com qualidade. O resto é a vida das equipas... Há uma derrota que teve impacto, uma vitória que fez mudar tudo. Há um jogo que era importante ser ganho e que depois não se ganhou e pode complicar tudo. Acho que o que aconteceu foi mais isso. Alguns dos jogadores do Benfica ainda não mostraram todo o seu potencial. Estamos a falar de internacionais do Brasil, Bélgica, Uruguai, Argentina... não estamos a falar de seleções de trazer por casa, estamos a falar de jogadores de enorme qualidade. O potencial existe. Se calhar, não chegou ainda o momento dessa afirmação. O FC Porto tem as duas portas abertas. O Taremi é uma belíssima contratação; o Manafá foi uma belíssima aquisição; Marchesín foi contratado para substituir o Casillas e tem um nível elevadíssimo; o Mbemba, é dos elementos com maior utilidade no plantel; o Uribe é um jogador de grande qualidade, assim como o Díaz. Os clubes trabalharam bem nesse aspeto.

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