O primeiro tombo do ano, nos Açores, mostrou um Sporting incapaz de cortar contra-ataques e com alguns dos piores números da época
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Em dois anos com Rúben Amorim ao leme, só contra o Benfica, em 2019/20, o Sporting sofrera, em provas internas, três ou mais golos. Isto até ao jogo de sexta-feira nos Açores, no qual os leões, frente ao Santa Clara, exibiram visíveis dificuldades para travar os remates e os contra-ataques do adversário, atributos defensivos que o campeão nacional costuma dominar.
O campeão fez 18 interceções em São Miguel (o pecúlio mais baixo da época), sofreu muitos remates e fez poucas faltas. A quebra defensiva vê-se nos dados e o menor ritmo competitivo também
O JOGO olhou para os números e a partida em São Miguel assumiu-se como uma das piores do ano a nível defensivo. O Sporting fez 18 interceções, o pecúlio mais baixo da temporada por larga margem, capítulo onde tem uma média de 39, o dobro da de sexta-feira. O leão consentiu cinco remates enquadrados à baliza e na Liga só sofrera mais pelo Braga, com seis remates enquadrados.
Com Estoril e Vizela, o Sporting cometeu seis e nove faltas, respetivamente, e diante do Santa Clara fez 12, um número baixo tendo em conta que os açorianos saíram tantas vezes em contragolpe. Essa ineficácia está patente na taxa de 62,6% de duelos defensivos certeiros.
A escassez nas interceções, a dificuldade em fazer faltas e a permeabilidade ao remate mostraram que o campeão não se antecipou como costuma, chegando, muitas vezes, atrasado aos lances, indicador de alguma fadiga física ou de falta de ritmo competitivo, mais até do que de erros de posicionamento.
Essa superioridade física do Santa Clara não mascara que o Sporting tem vindo a ser menos eficaz no desarme, descendo nas interceções: desde as 45 ante o Gil Vicente, às 32 contra o Casa Pia e depois as 27 com o Portimonense, que marcou dois golos em Alvalade.
Antes de um possível alarme quanto à forma física, Carlos Fernandes, que substituiu Amorim no banco, disse que o 3-2 foi "uma infelicidade, um contra-ataque em que a equipa falhou o corte", admitindo depois que a equipa estava "intranquila" e "não parou os contra-ataques".
Defesa mostra sobrecarga física
A condição dos atletas mais recuados do Sporting deixou a desejar em São Miguel. João Palhinha fez o primeiro jogo completo desde que voltou de lesão muscular a 18 de dezembro e os centrais mostram sobrecarga. Em comparação com igual período do ano passado, o eixo tem 8025 minutos nas pernas, fruto da presença na Liga dos Campeões, quando em 2020/21 tinha 4769. Coates jogou mais 500 minutos e Feddal, mesmo parado há um mês, tem mais 17 minutos em campo. Inácio, por exemplo, passou de 310 para 1816.