Lukas Hornicek, guarda-redes do Braga, deu uma entrevista à Rádio Universitária do Minho
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Vitória importante contra o Feyenoord: "Acho que chegámos numa altura em que fomos demasiado penalizados por pequenos erros e não fizemos bons resultados. Este jogo mostrou que somos uma equipa capaz de competir, que quer lutar para estar lá em cima, e que é capaz de ganhar a uma equipa como o Feyenoord. Ficamos muito entusiasmados. Quando o árbitro apitou, toda a gente começou a correr e a festejar. Foi um momento muito bonito para todos nós. Agora é dar mais um passo e seguir neste caminho."
Preparado para ser titular? "Acho que tudo aconteceu no tempo certo. Se tivesse acontecido mais cedo, talvez não estivesse tão preparado. Agora senti-me capaz de assumir a posição e lidar com a responsabilidade. O meu papel é simples: defender a baliza e ajudar a equipa. Se foi difícil esperar? Digamos que sim, porque não sou uma pessoa muito paciente. Queria jogar e mostrar o meu valor. Mas fico feliz com o caminho que escolhi. Agora só estou a aproveitar o momento."
Mudança de mentalidade: "Não foi tanto no jogo, foi no treino. Houve uma fase em que não estava 100% focado, desliguei muito durante o treino e foi difícil ligar outra vez. A mentalidade, na posição de guarda-redes, é fundamental. Quando mudei esse chip, senti um crescimento enorme."
Ser capitão do Braga: "Não sinto nenhuma diferença. Para mim não mudou muito. Foi mais um elogio do míster. Tenho de fazer sempre o mesmo. Claro que com a braçadeira tenho de ser mais responsável e dar o exemplo aos miúdos e ao resto da equipa."
Jogar com dois ou três centrais: "Para mim não muda tanto. Quando posso entro na linha de quatro para termos mais um homem a ajudar a equipa a ter bola. É um sistema muito moderno, de que eu gosto, estamos a criar oportunidades que todos nós e os adeptos querem. É só confiar no processo e confiar no que é pedido. Sinceramente não há muita diferença. Abre um pouco mais de espaço com a linha de quatro mas, da forma que estamos a jogar cobrimos bem esse espaço, não sinto grande diferença."
Início da temporada: "Queríamos estar mais em cima, claro, mas é parte do processo. Fomos demasiado penalizados por erros pequenos. Mas agora, com a vitória frente ao Feyenoord e os últimos jogos, sinto que estamos num momento melhor. É desfrutar, fazer o que temos feito e continuar a dar ao pedal."
Referência para os jogadores da formação do Braga? "Não me vejo como exemplo, vejo-me como mais um jogador que trabalhou para estar aqui. Tive grandes treinadores e jogadores que me ajudaram. O meu alvo sempre foi a equipa principal, mas é uma escada a cada viagem. O Romário, por exemplo [guarda-redes da equipa Sub-23] já me pediu conselhos. Os jovens têm fome de chegar à equipa principal e eu estou cá para ajudá-los."
Trabalhar com Eduardo, treinador de guarda-redes: "A nossa relação é difícil de explicar. Já partilhei balneário com ele como jogador. Agora como treinador mantém o mesmo espírito, mas com mais respeito da minha parte. É uma pessoa espetacular e gosto muito de trabalhar com ele. Os outros guarda-redes? Somos uma união. Tentamos puxar uns pelos outros. Sabemos que podemos melhorar-nos uns aos outros. Se alguém vê um detalhe a corrigir, ajuda. Isso faz-nos evoluir todos os dias. Com o Matheus, aprendi o trabalho fora do campo: sempre o primeiro a chegar, o último a sair. Com o Tiago Sá, a paciência e o foco nos treinos. Dá sempre 100% nos treinos. É uma figura importante para mim."
Quem é o melhor guarda-redes da Liga? "Gosto muito do Diogo Costa. Fora do top 4, gosto muito do Andrew, do Gil Vicente."
Rituais antes dos jogos: "Não sou muito. Quando jogamos em casa gosto de jogar Teqball com os meus companheiros para entrar no ritmo de jogo e aquecer um bocado. Quando jogamos fora costumo fazer exercícios de mobilidade."
Ida para Braga, com 16/17 anos: "Foi das decisões mais difíceis de tomar para ser jogador de futebol. Foi depois do Europeu sub-17. Perdi contra a França por 6-1, foi um jogo pesado, mas fiz muitas defesas, foram 20 remates contra nós. O Braga surgiu, era muito longe de casa mas havia um potencial excelente para mim e senti que podia ser feliz se escolhesse este caminho. Sou extremamente feliz por ter escolhido este caminho. Acho que não poderia ser profissional de futebol se não chegasse aqui. O ambiente que tenho aqui ajudou-me no meu crescimento."
Guarda-redes de referência: "Sempre gostei muito do De Gea. Também o Onana, no Ajax e no Inter. Mas o De Gea foi quem mais me marcou."
Chegar à seleção principal da Chéquia: "Pelo crescimento e exigência no Braga, sinto que tenho tudo para ser convocado para a seleção. Temos de continuar a fazer bons resultados. Acredito que vai surgir naturalmente."
Rumores de mercado: "Foco-me no jogo a jogo. Não quero saber disso. O meu agente trata disso. Primeiro ele e o clube tratam, eu depois digo como me estou a sentir. É importante estar focado no jogo. Gostava de ficar aqui o máximo de tempo possível. O Braga é a minha primeira casa. Quero ficar aqui muito tempo. Mas claro que um dia gostava de jogar na Premier League ou na Liga Espanhola. É o sonho de qualquer jogador. Já consegui muito, mas gostaria de ser campeão. Quero ser campeão nacional com o Braga. Gostava de escrever o meu nome nesse título. É um desafio. Acredito que somos capazes. Só depende de nós próprios. Se encararmos os jogos como temos encarado os últimos três, quatro... Vamos ser muitos felizes e ter muitos pontos no final."