Paulo Renato, presidente da Associação Nacional de Delegados de Futebol, defende que a assinatura da escritura, a 25 de novembro, foi o primeiro passo de "um marco histórico".
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A Liga Portugal tem 36 delegados, a FPF cerca de 40 e, para já, apenas a AF Porto e a AF Algarve têm regularmente delegados nos jogos. Outras poderão seguir-lhes o exemplo, e esse é um dos muitos objetivos traçados pela equipa de Paulo Renato, o primeiro presidente da recém-criada Associação Nacional de Delegados de Futebol (ANDF), que resume os objetivos do projeto.
A recém-criada associação espera ser integrada na Liga e na FPF e pretende ser observada como "um parceiro adequado" para a evolução dos delegados e, consequentemente, do futebol português.
Quais são os objetivos prioritários da Associação Nacional de Delegados de Futebol?
-Um dos objetivos prioritários é falarmos com as associações distritais e colaborarmos na formação dos delegados e na evolução do projeto associativo. Não vamos reivindicar nada. Vamos fazer um trabalho de crescimento natural da classe e ser o apoio aos delegados e às instituições quando assim entenderem. Os delegados mais antigos que existem são os da Liga, e nunca houve nada. Isto é um marco histórico, porque, 27 anos depois de aparecerem os delegados na Liga, alguém vai fazer alguma coisa. Não criámos uma associação só para dizer que existe uma associação. As pessoas que convidámos são muito dinâmicas e estão a dar muito de si porque acreditam que podemos fazer a diferença e ajudar a classe e os delegados.
E os principais planos?
-Termos, por exemplo, assento nas organizações, como Liga, Federação, associações de futebol ou futsal, de forma a cimentarmos o nosso valor, para as instituições saberem que existe uma organização que pode colaborar na constituição, na organização, na formação e em todo o tipo de apoio que podemos dar. Em resumo, trabalhar como consultoria dos delegados e, por outro lado, ser voz ativa na tomada das posições, porque os delegados não têm tido a possibilidade de estarem sentados com as entidades competentes e de falarem do que acontece no terreno.
Uma maior aproximação aos clubes será determinante no vosso projeto?
-Queremos, de facto, chegar aos clubes, ter um papel educacional. Não queremos os clubes a olharem para os delegados como os "bem vestidinhos" para tomar notas. A ideia é ajudar a melhorar e procurar que a organização dos jogos seja mais eficaz e operacional.
Qual vai ser a relação da Associação com a Liga e com a Federação?
-Esperamos que nos possam integrar e observar-nos como um parceiro adequado e positivo no sentido de trabalhar em conjunto em prol da carreira e desenvolvimento dos delegados e, consequentemente, do futebol português.
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Delegado garante as regras do jogo
Haverá muita gente que desconhece o que faz um delegado num jogo de futebol. É por aí que começa esta parte da entrevista.
Qual é a função de um delegado?
-Representa o organizador do jogo, dentro do evento e no dia do jogo. No caso dos delegados da Liga, representamos a Liga no terreno de jogo e contribuímos para a organização, confirmando se tudo o que é feito está de acordo com o regulamentado, reportando em sede de relatório as anomalias sucedidas.
Quais são as instruções que um delegado tem perante comportamentos incorretos dos vários agentes desportivos, em especial nos mais mediáticos?
-Toda a nossa formação e orientação é para termos um comportamento proativo em todo o período do jogo, termos o bom senso necessário para resolvermos os problemas. A gestão de conflitos está bem formatada através do regulamento de competições, é reconhecida por todos os agentes desportivos, e tentamos que percebam a mensagem que lhes é transmitida e tenham o comportamento adequado para que a imagem do espetáculo seja positiva.
Assume um papel crucial?
-Depois de ser nomeado, tem um papel primordial na organização e planeamento do jogo. Identificar os clubes, os agentes desportivos, e preparar-se ao máximo antes dos jogos. Nos de maior dificuldade [nível 1] são efetuadas reuniões durante a semana, entre os dois clubes, a Proteção Civil, o Comando das forças de segurança e outras entidades.
Definir carreira até ao topo
A entrada na UEFA é a meta ambiciosa de um caminho que passa, primeiro, por trabalhar com FPF, Liga e associações.
Nesta altura, "não há progressão nem ligação entre associações distritais, Federação e Liga". "Um dos objetivos da ANDF é trabalhar com todas estas entidades e definir a carreira de delegado, começando nas associações distritais, levando-a até ao topo, o que, para nós, seria a entrada na UEFA", revelou o líder da associação, que tem por finalidade "contribuir para uma adequada integração e afirmação profissional dos delegados de futebol nas provas profissionais, amadoras, masculinas ou femininas." "Pretendemos zelar pelos direitos e interesses dos nossos associados em colaboração com o IPDJ, FPF, Liga e diversas associações distritais e regionais de futebol, assim como os agentes desportivos de natureza pública ou privada", explicou, referindo que a ANDF vai "trabalhar para o estatuto do delegado que ainda não existe".
O objetivo não é ser Sindicato
Delegado da Liga desde 2010/11, Paulo Renato diz que "esta é uma associação e não um sindicato." "Pretendemos o melhor para todos os delegados, de uma forma correta e limpa", garante o primeiro presidente da ANDF, ligado ao futebol desde os 12 anos. "No dia 25 de novembro fizemos a escritura da associação, depois solicitámos uma reunião ao IPDJ, à Federação e à Liga para nos apresentarmos e transmitir a missão desta associação", adiantou o antigo guarda-redes de Avanca, Estarreja e Ovarense e também ex-treinador e dirigente associativo.