VELUDO AZUL >> Quem pensa em eleições tem que se assumir com evidência. Caso contrário, toda a atenção na competição sai prejudicada.
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1 - A versão europeia do FC Porto tem que deixar de ser uma demonstração de diferença face à realidade portuguesa e hoje há um bom teste em Vizela. O acerto que tem sido demonstrado na Liga dos Campeões, onde soma pontos e golos, é elemento diferenciador para o desempenho de outros, mas também para o que a equipa tem feito dentro de portas.
A diferença de 5 entre os golos marcados e sofridos espelha bem as dificuldades que temos sentido no Dragão e em terreno alheio. Na oportunidade de assalto ao primeiro lugar ex-aequo, dificilmente faremos hoje o que tanta falta tem feito: um resultado cabal numa exibição inteiramente convincente. Apesar do lugar que ocupa na tabela classificativa, o Vizela não é uma qualquer equipa condenada à descida e fará o seu caminho. Uma exibição convincente é tudo o que se pede ao FC Porto. A 90 minutos e num campo todo-o-terreno. Pode ser outra vez por um golo de diferença.
2 - Cantar de galo foi algo que o Braga não fez num jogo onde mostrou tenacidade e compromisso. Após uma noite europeia, não é qualquer equipa que vira um resultado desfavorável de dois golos em casa alheia, debaixo de uma intempérie e reduzida a 10 jogadores. Acabou por não trazer os três pontos, mas vem carregada de histórias que acrescentam. O Benfica mostra a face preocupante de Roger Schmidt na escalação e intervenção do banco, assim como um guarda-redes valioso a defender penáltis. Não chegou para vencer um destemido Casa Pia, que se pode queixar de falta não assinalada no golo do adversário, por falta evidente de António Silva sobre Filippe Cardoso. O lance devia ter sido revisto e o golo anulado. Apesar de querer muito, o Benfica desta época ainda só funcionou contra 10.
3 - Marcar quatro golos na Bélgica começa a ser uma forma de vida mas é importante que não eternizemos também a estranha forma de derrota belga dentro de portas. A memória Brugge é recente e não se apaga, pelo que convém não esquecer que uma vitória frente ao Antuérpia no Dragão praticamente oficializa o passaporte para os oitavos de final da prova milionária. Com as expectativas do ranking português quase exclusivamente depositadas no que o FC Porto possa ou não vir a fazer, o momento de exigência competitiva compagina-se mais com clareza sobre candidaturas do que com antecâmaras. Quem pensa em eleições tem que se assumir com evidência. Caso contrário, toda a atenção na competição sai prejudicada. Todas as ambições são legítimas, a seu tempo, ainda que o tempo seja entendido como este. Como à equipa, só se exige clareza, definição e autocontrole.