"Quando um jogador vê o Rolando e o Gaitán a treinar como meninos, que atitude vai ter?"
Em entrevista à NEXT, o treinador do Braga, Carlos Carvalhal, analisa alguns momentos essenciais da temporada que culminou com a conquista da Taça de Portugal
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Análise da época: "Fase má? Sempre percebi o que se passava. Mas há coisas que não se podem dizer publicamente, porque há um grupo para gerir e uma competição para ganhar. A qualidade de jogo que o Braga mostrou já vem do nosso trabalho no Sheffield Wednesday, no Swansea, no Rio Ave. Futebol positivo e de ataque já começa a ser uma marca do Carlos Carvalhal e da sua equipa técnica. O plantel do Braga teve qualidade, entrega e devoção. O Tiago Sá foi fundamental pela sua atitude, presença e personalidade, tal como os conselhos e apoios do Rolando e Gaitán. Não jogaram muito, mas são experientes. Quando um jogador vê o Rolando e o Gaitán, que ganharam tudo, a treinar como meninos, que atitude vai ter? Tem que acompanhar, no mínimo. Todos foram importantes".
Rendimento da equipa: "Começámos com um nível muito alto, com muitos golos e um jogo exterior e interior muito forte. De repente deu-se a lesão do Iuri, que foi a nossa primeira grande baixa. Passados quatro meses, ele ainda era o nosso melhor jogador em termos de golos e assistências. Depois perdemos o Paulinho e ficámos com um jogo interior menos rodado. O que salvou isto foi a ideia de jogo. Não fomos tão vistosos, mas ganhámos mais pressão. Mais à frente, levámos outro rombo. Depois do Bruno Viana, que tinha como ponto forte a capacidade de alimentar o jogo interior, perdemos o David Carmo, outro jogador com essa enorme capacidade, de ligar largo. Perdemos o melhor jogador a meter entre linhas [Bruno Viana] e o melhor jogador a fazer variações de jogo muito rápidas [David Carmo]. O Tormena assumiu-se, o Raul Silva esteve intermitente devido a problemas físicos e demos oportunidade ao Bruno Rodrigues. A ligação por trás não ficou ao nível do início, mas a equipa ganhou outras coisas. Depois houve o covid, a perda do Castro por nove semanas e por último o Ramadão do Al Musrati. O processo aguentou isto tudo".
Jogo com o Benfica: "Jogámos com uma linha de três atrás, com Tormena, Bruno Rodrigues e Borja, que joga melhor no corredor. Aconteceu a expulsão de forma rápida e esse resultado afastou-nos do segundo lugar. O balão estava cheio e levou uma alfinetada. Depois, foi um trabalho de reanimação, de reformular objetivos. Levámos outra alfinetada com o Sporting e começámos a atirar-nos para a Taça de Portugal. Comecei a fazer gestão, fui fazendo o meu trabalho tendo em vista a Taça de Portugal. Tinha a certeza absoluta que íamos dar uma grande resposta na final. O balão já estava cheio de atitude e entrega".