O então presidente do Sporting acompanhou El Pibe, estrela do Nápoles, das chegadas ao autocarro. Estávamos na época de 1989/90.
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Os blocos noticiosos soaram em uníssono: era indescritível aquilo que se viveu no aeroporto de Lisboa, quando o Nápoles, com Diego Armando Maradona à cabeça, surgiu diante das objetivas: vinha para jogar a Taça UEFA 1989/90 e mais do que o aparato em torno do craque...
A lembrança remete-nos para o respeito que o Sporting, adversário dos italianos, teve para com El Pibe, desaparecido esta quarta-feira, ao ponto do então presidente, Sousa Cintra, ter feito guarda de honra desde o terminal ao autocarro - no qual chegaria mesmo a entrar.
Tudo servia para tentar ficar com um pouco de D10S: até notas de mil escudos foram assinadas, com Maradona sentado na cadeira do condutor do veículo que levaria a comitiva até ao hotel. Ao seu lado, um sorridente líder leonino, a acenar, também e ao seu estilo, à multidão. As imagens são da RTP, vieram diretamente do baú; tudo serve, hoje, para recordar esta lenda que partiu aos 60 anos.
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"Hoje o futebol está de luto. Admirava-o como futebolista e passei a admirá-lo como pessoa, depois de o conhecer em Lisboa, quando veio jogar com o Sporting. Até fui buscá-lo ao aeroporto. Como jogador foi único, fazia coisas com a bola como nunca vi outro fazer até hoje. Como pessoa, surpreendeu-me, pela humildade, simplicidade e simpatia", disse Sousa Cintra em declarações à agência Lusa.
Sobre esse encontro com Maradona, em 1989, quando o sorteio da Taça UEFA colocou o Nápoles na rota do Sporting, Sousa Cintra guarda algumas recordações. "Fui buscá-lo ao aeroporto. Lembro-me que havia dúvidas se ele viria ou não, cheguei mesmo a falar com o então presidente do Nápoles porque havia muitas expectativas sobre a presença dele em Alvalade, mas felizmente acabou por vir e foi uma autêntica loucura. O aeroporto estava cheio de gente para o ver, para lhe tocar, para o aplaudir", lembrou.
Nas horas que se seguiram, Sousa Cintra pôde conhecer o astro argentino e ficou agradavelmente surpreendido: "Ele era uma estrela mundial, podia ser arrogante, mas, pelo contrário, mostrou-se uma pessoa acessível, simpática, brincalhona. Não vou dizer que fiquei amigo dele depois do convívio que tivemos, mas fiquei com um carinho por ele, como ser humano".
Questionado se Maradona foi o melhor jogador que viu alguma vez jogar, Sousa Cintra disse que "fazia coisas que nunca mais viu outro jogador fazer", mas não quis ferir suscetibilidades porque Cristiano Ronaldo "é também um jogador fantástico e é português", além de "ter sido formado no Sporting".
O antigo presidente do Sporting recordou ainda o entusiasmo e a euforia no Estádio José Alvalade, que esgotou a lotação, para ver o Maradona: "Lembro-me que ele só entrou perto do fim do jogo, mas o estádio, que estava lotado, abanou. O Maradona era uma estrela mundial, que arrastava multidões".