Luisão, ex-capitão do Benfica, falou à Eleven Sports das várias etapas no clube da Luz, da chegada até ao ponto final na carreira de jogador.
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Fim de carreira e transição para embaixador: "A decisão de encerrar a carreira foi clara na minha mente, mas a transição foi um grande desafio. Muitas vezes senti medo, receio de me sentar em reuniões, intimidou um pouco. Mas o importante é ter humildade para aprender e deixei para trás esse monstro. Estou longe de poder fazer parte de um processo com responsabilidade, tudo leva o seu tempo. Mas as coisas estão a fluir naturalmente".
Conquista do título de campeão em 2004/05: "Era grande a pressão, o Benfica foi mudando. Não tínhamos casa e isso refletia-se muito na equipa. A responsabilidade de ganhar o título foi crescendo, lutámos muito. Aquele jogo com o Sporting ficou marcado pelo golo que apontei, foi uma afirmação para mim. Carimbo do torcedor para comigo".
Pessoas que ajudaram: "Geovanni ajudava muito, levava-me aos treinos. Quando Fehér morreu, eu morava sozinho, estava lesionado, quis entrar numa depressão mas ele ajudava. Nuno Gomes e Ricardo Rocha também me ajudavam muito".
"Sucessor" de Mozer, Ricardo Gomes e Aldair: "Quando ouvi esses nomes deu-me vontade de correr para a casa de banho... São nomes que crescemos a ouvir, são acima da média e eu só imaginava quem era Luisão para ocupar as suas posições..."
O título mais significativo dos 20 que conquistou: "Fico muito orgulhoso e acredito que num futuro bem próximo outros vão passar por isso. Tinha a obrigação de ter ganho mais. O primeiro ficou muito marcado, o do tetra também, pois foi muito difícil para mim. Infelizmente, ficou a faltar um título europeu, ainda fico um pouco triste, pois devia ter ajudado a conquistar mais".
Finais europeias perdidas: "Contra o Chelsea chegámos muito fortes, contra uma equipa forte, habituada a decisões. Na primeira parte tivemos muitas oportunidades, mas acontecia sempre algo e a bola não entrava. Não tínhamos a experiência, optei por não fazer falta e ser expulso e perdi o lance. O golo nos últimos minutos custou. Contra o Sevilha, afastámos a Juventus de uma final em casa, fomos prejudicados por alguns estarem suspensos. Fomos para os penáltis, os nossos principais cobradores falharam, foi triste. A primeira final custou, mas a segunda muito mais".
Sobre Jorge Jesus: "Jorge Jesus foi o ponto de viragem do meu crescimento. Foi espetacular o que ele me acrescentou, se aguentei até aos 38 anos foi graças a ele. Scolari também me marcou no início da carreira, ajudou na entrada no futebol profissional. Faltou só trabalhar com Lage, oiço falar dele e gostava de poder falar mais do que é ser comandado por ele".
O que mudou com Bruno Lage: "O Bruno Lage veio colocar sangue novo na equipa. Ganhámos com Rui Vitoria, mas fomos perdendo a identidade e a dinâmica. Lage deu a volta num campeonato muito difícil. Com ele, voltei a ver a dinâmica do jogo".