António Miguel Cardoso, presidente do V. Guimarães, marcou este domingo presença no Thinking Football Summit.
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O projeto da formação: "Os processos (da formação) visam preparar os atletas para jogaram pela equipa principal do Vitória. O clube prepara tanto o atleta como homem, que, caso não se torne jogador de futebol, deve ter sempre um futuro brilhante, seja em que área for. Isso é outra preocupação do clube. Também queremos ganhar, mas durante a formação isso não é o mais importante. A formação deve focar-se essencialmente nas oportunidades para chegar ao Estádio D. Afonso Henriques".
A paixão pelo clube e quando o Vitória, na década de 1980, metia seis jogadores na Seleção Nacional: "Essa foi uma das equipas mais marcantes da história do Vitória. Tinha bons jogadores portugueses e depois havia o Ademir, o Paulinho Cascavel, o Roldão, o N"Dinga, entre outros. Foi nessa altura que aprendi a amar o meu clube. E isso mantém-se: tem é de ser explorado e trabalhado. Em Guimarães não há casas do Benfica, Sporting e FC Porto... e todas as crianças da região querem jogar no Vitória. Só em último caso é que vão para outros clubes, mas vão sempre com muita mágoa. Temos essa vantagem em relação aos outros. E essas crianças têm de perceber que as portas do clube vão estar sempre abertas para elas".
As bases da equipa principal: "A equipa principal não pode ter como única base a escola dos "Afonsinhos". Também se faz de jogadores bem formados noutros clubes, como é o caso do Jorge Fernandes, por exemplo. É capitão de equipa e claramente um de nós, porque também aprendeu com os jogadores que já lá estavam. Tem de ser esse o espírito do clube. Para isso, é importante que as equipas técnicas abram as portas a esses jogadores. Ainda ontem [anteontem], na Taça da Liga, estreámos dois jogadores vindos da formação: o Gonçalo Nogueira e o Gonçalo Pinto, ambos de 19 anos e que começaram nos "Afonsinhos". Mais do que o resultado, foi um prazer ver esses jogadores atuarem ao lado do Dani Silva, que tem 21 anos e que também veio da formação do Vitória. É isso que nós queremos. Queremos muito fomentar o espírito de paixão e, tendo em conta a sustentabilidade económica do clube, temos a convicção de que devemos investir na formação durante os próximos 40 anos, de modo a evitarmos as loucuras que se cometeram no passado".
Tempo e paciência com os jovens: "Temos de ter paciência. Se nos metermos de repente no trânsito de Londres de carro, ficamos logo meio atarantados. Isso provoca sempre stress e ansiedade e isso não significa que não sabemos conduzir. Simplesmente não dá para demonstrar o nosso potencial. Mas há que dar oportunidades [aos mais jovens]. Às vezes corre mal, mas os jogadores do Vitória têm de perceber que os processos de aprendizagem estão lá e que os medos e as ansiedades têm de desaparecer. Temos que perceber que as oportunidades têm de ser dadas porque há um trajeto para cumprir".
O passado no ténis e o presente no futebol: "Jogo em várias posições... Comecei por ser praticante de ténis e representei a seleção até aos sub-16. Depois é que passei para o futebol, quando tinha 16 anos. Representei o Foz e o meu ex-treinador de ténis, o José Vilela, pentacampeão nacional de ténis, até chegou a assistir a alguns jogos meus disputados em pelados de Custóias... e não entendia aquilo. Mais tarde, joguei futebol nos Estados Unidos enquanto tirava o curso de Gestão. Agora jogo futebol mais a distribuir: sem grande jeito, mas com grande vontade".
Há 10 anos contava ser presidente do Vitória: "Se era um sonho? Tenho vários. Este é só mais um capítulo da minha vida, com princípio, meio e fim. Uma coisa são os nossos sonhos, outra é a nossa vida. Estou cá para fazer muita coisa e uma delas é ser presidente do Vitória, nada agarrado isso, mas com muita vontade de fazer bem as coisas pelo meu clube... Mas há dez anos já tinha alguma noção de que isto poderia acontecer. Desde pequeno que tenho grande paixão pelo desporto e não houve um dia, apesar das muitas dificuldades com que já me deparei, em que me sentisse arrependido por me ter candidatado à presidência. Estou a fazer aquilo que me dá prazer e há dez anos já imaginava que isto seria possível".
Ia de cachecol e com a camisola do Vitória para escola no Porto: "Sim, depois das derrotas fazia isso, e os meus colegas até me pontapeavam por isso. Todos são boavisteiros e portistas. Eu nasci no Porto e o meu pai é de Guimarães. E felizmente, desde os dois anos, levou-me sempre ao futebol, despertando assim grande amor e paixão pelo Vitória. Teria sido mais fácil se me tornasse boavisteiro ou portista, mas sempre fiz questão de ser do Vitória porque adoro a cidade de Guimarães e o clube".
Ídolos no futebol e na Fórmula 1: "Sempre tive e um deles é o [Sebastian] Vettel, que se despede hoje do desporto. No futebol, admirava muito o Paulinho Cascavel e o Ademir. Quando era mais jovem, convivia muito com o antigo diretor desportivo do clube, o Pedro Xavier, o Ricardo Pimenta Machado ou o antigo presidente António Pimenta Machado. Era fácil encontrar os jogadores nos restaurantes da cidade e julgo que isso ainda se verifica. Nós fazemos por isso e os jogadores gostam de sentir essa envolvência. E a cidade sabe acarinhar os jogadores".
Jogo mais marcante pela positiva: "Quando o Vitória eliminou o Parma da Taça UEFA. Estive aí uns 15 minutos de braços no ar no Estádio D. Afonso Henriques. Foi o momento que mais me marcou, se calhar mais do que a conquista da Taça de Portugal. O Parma tinha o Buffon, o Turham... O Vitória tinha uma equipa muito forte e eu tinha outra idade também".
Momentos marcantes pela negativa: "A descida de divisão do clube foi marcante, doeu muito. E também me marcavam muito as derrotas no Bessa e na Antas, porque depois tinha de levar com os meus amigos no dia seguinte".
O treinador-referência do Vitória: "O Moreno".
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