Moreno Teixeira aconselhou os miúdos dos Afonsinhos a "nunca desistirem". Manuel Machado, que o conhece desde os iniciados, traça o perfil do ex-central e médio.
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Na iniciativa "A Escada do Sucesso", dedicada ao projeto dos Afonsinhos, Moreno aconselhou os miúdos a seguirem o seu exemplo e o de muitos outros jogadores: "Não desistam se sentirem que estão a ficar para trás." Na sequência destas declarações do treinador do Vitória, O JOGO ouviu Manuel Machado, que conheceu Moreno muito jovem, "ainda iniciado", conta.
Técnico estreou oito atletas da equipa B, entre os quais Biai, Afonso Feitas e Tounkara. O conhecimento que tem desses jogadores "é uma grande vantagem", diz o sócio e ex-treinador do Vitória.
"Teve um percurso intermitente na formação do Vitória", recorda. "Na passagem de iniciados para juvenis foi cedido, ao abrigo de um acordo com os Amigos de Urgeses [freguesia de onde Moreno é natural] e depois recuperei-o para júnior no Vitória. Essa dispensa deveu-se ao crescimento, mas, aos 15 anos, tornou-se num jogador muito dotado do ponto de vista atlético. Ainda hoje é um homem grande", acrescenta.
Em 2004/05, depois de ter sido cedido a Felgueiras, Macedo de Cavaleiros e Taipas, Manuel Machado resgatou-o para o plantel principal, trabalhando novamente com o antigo central e médio, em 2012/13, no Nacional. "Foi sempre um jogador com uma assinalável compleição física, combativo, agressivo e muito ligado aos emblemas que representou, designadamente ao Vitória, onde esteve mais tempo." Segundo Manuel Machado, "essas foram as grandes ferramentas para uma carreira média alta." Fez 351 jogos, 235 pelo Vitória (217 na equipa A e 18 nos bês).
Moreno Teixeira, 41 anos, começou a jogar no Vitória de Guimarães aos dez e representou mais seis clubes
Como treinador, Manuel Machado considera que Moreno "tem, no seu comportamento, um pouquinho de Sérgio Conceição e de Jorge Jesus." "É muito interventivo e relativamente agitado durante os 90 minutos", descreve. "No contexto atual, pelo que a equipa tem vindo a fazer, tem muito das características que tinha como jogador e que mantém enquanto treinador", avalia, apontando uma das grandes vantagens. "Tem um conhecimento profundo dos jogadores que transitam de uma equipa para a outra e, por isso, conjugam-se duas situações que levam à utilização de um largo número de jogadores da equipa B, o que não é normal e, felizmente, com um bom desempenho e bons resultados desportivos.", assinala.
Esta é a 22.ª época no clube: 17 como jogador (seis na formação, 11 como profissional) e cinco como treinador
Machado não tem dúvidas de que, "apesar de estar no início da carreira e de ter resultados positivos até ao momento" e de poder ser "vítima de resultados como qualquer outro colega", Moreno Teixeira "tem experiência e conhecimento para percorrer um caminho ascendente e encontrar desafios de maior dimensão."
"É muito culto e um vitoriano ferrenho"
Vingada conta a ideia com que ficou de "um profissional fantástico", que treinou em 2009/10
Nelo Vingada orientou o Vitória em 2009/10, "apenas oito jogos", os suficientes para perceber que Moreno era "um profissional fantástico, muito atento a tudo o que era trabalho." "Tinha uma grande disponibilidade para treinar, jogar e ouvir. Recordo-me que, antes do treino, se preparava para estar melhor nas sessões de trabalho", testemunhou o treinador, que, depois, foi campeão na Coreia do Sul e conquistou a Taça Asiática pelo FC Seul. "Era um jogador muito culto, fez carreira como central, mas também podia jogar como médio defensivo. As referências que tenho dele são muito positivas", contou.
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Embora a carreira "ainda seja muito curta e tenha um trajeto pelas camadas mais jovens e pela equipa B", Nelo Vingada não fica surpreendido com o trajeto de Moreno no Vitória "pelo caráter, pelos sentimentos que demonstrava e pela sua educação". "Consigo visualizar que o que eu transmitia aos jogadores ele é capaz de fazer. Não estou a ser simpático nem agradável, estou a ser realista", continuou, acrescentando que, entretanto, se cruzou poucas vezes com o técnico. "É um vitoriano ferrenho. Quando perde, não perde só profissionalmente, mas também emocionalmente", apontou. E sugere outra vantagem: "Como tem muitos jogadores que andaram com ele na equipa B, é mais fácil apostar e acreditar neles. Tem conhecimento, vivência do futebol, do balneário, do relacionamento com as pessoas e uma coisa que será fundamental para lhe trazer dimensão e projetar para um nível superior: a experiência."
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