Apesar das credenciais da época passada, os reforços para o ataque ainda não conseguiram afirmar-se no FC Porto. Jogo com o Fabril abre janela de oportunidade. O especialista explica o que cada um acrescenta
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O FC Porto revolucionou o ataque de uma época para a outra. Soares, Zé Luís, Aboubakar e Fábio Silva saíram, Taremi, Toni Martínez e Evanilson entraram. Ao fim de dez jogos oficiais, nenhum deles comprovou as credenciais da época passada e todos continuam a tentar conquistar um lugar na equipa.
O jovem brasileiro, curiosamente, até é o que chega a esta fase com mais titularidades (2) e mais tempo de jogo (181"). Mas também é o único ausente neste momento, pelo que Taremi e Toni são os que mais próximos estão de jogar na Taça de Portugal, com o Fabril, dentro de uma semana. E isto porque é provável que o treinador recupere o 4x4x2 de eleição e Marega, que tem atuado quase sempre sozinho na área contrária, seja poupado neste jogo de Taça de Portugal.
À boleia desta luta entre alternativas, O JOGO convidou Luís Freitas Lobo a traçar o perfil de cada um dos reforços para o ataque do FC Porto e a apontar o que podem acrescentar à equipa de Sérgio Conceição. E como poderá ler aqui ao lado, Taremi, Toni Martínez e Evanilson têm muito que os une, mas também bastante a separá-los.
A opinião de Luís Freitas Lobo
luisflobo@planetadofutebol.com
Taremi >> O mais completo
O mais "jogador" de todos os avançados que vê a sua equipa (através das triangulações, desmarques e qualidade de receção/passe) antes da adversária (que engana, primeiro, com astúcia inteligente de fugir à marcação caindo em espaços vazios e, depois, "mata" com o remate colocado). O que lhe permite essa descoberta de espaços é a evoluída inteligência de relação com o jogo, antes da pura relação com o golo.
É, nesta vertente, mais de controlo de bola, toque e desmarcação, o avançado que mais "foge" ao protótipo essencialmente físico ou veloz da fórmula-Conceição. Por isso, a expectativa maior será essa. Taremi dá ao modelo portista novas soluções e diferentes formas de atacar (ou, pelo menos, de acabar as jogadas de ataque) mas é um jogador que obriga, necessariamente, a novos princípios de jogo ofensivo. Com isso, a equipa ganhará maior riqueza tática atacante-finalizadora a todos os níveis. É, entre os três, o avançado mais completo.
Evanilson >> Um "puro de área"
O n.º 9 com maior potencial de crescimento. Ainda está a "fazer-se" como jogador de "top". Vendo-o jogar no tempos do Fluminense, era fácil detetar a sua qualidade de receção e "jogo posicional" entre centrais adversários para receber a bola. Não é, por princípio, um n.º 9 para grandes recorridos em largura. Gosta de esperar mais na área (ou perto dela) com elasticidade de movimentos em espaços curtos. Joga muito bem de costas, em apoios, sabendo, nesse gesto, arrastar marcações com ele e jogar com a sua equipa, puxando o meio-campo.
Necessita de subir índices de "agressividade competitiva" para encaixar definitivamente nos padrões europeus. Terá, naturalmente, sentido esse embate nos primeiros jogos, mas o seu potencial de crescimento (em função das suas características e traços de jogo que se encaixam no preferencial jogar ofensivo portista) faz com que seja uma boa aposta. Veremos como Conceição o poderá "fazer crescer" e até que ponto a sua inteligência de jogo e força mental irá surgir/resistir nesta entrada no mais duro futebol europeu. O potencial está dentro dele.
Toni Martinez >> O mais combativo
O mais forte, entenda-se combativo, sem medo do choque, no assalto ao golo. Forte no ataque à profundidade, encara bem os lances divididos nesse estilo para, robusto, ganhar o espaço de remate mesmo com o defesa a apertar-lhe os movimentos na marcação em cima.
Entra, neste contexto, na mesma linha dos avançados-tipo que o FC Porto teve nas últimas épocas. Combina presença na área com o sair dela para combinar de forma simples e rapidamente voltar a procurar caminho para a baliza. Mais de finalização do que de associação, sabe que não é um tecnicista, pelo que busca saltar essa "formalidade" com a rapidez de execução no remate. Pode jogar sozinho na frente, no centro de um 4x3x3, mas, para isso, em ataque continuado, necessita de ser bem servido.
No Famalicão, poucas vezes fez os "90 minutos", caindo um pouco com o decorrer dos jogos nesse seu estilo que depende diretamente do seu poder/condição física. Um fator decisivo para crescer na fórmula ofensiva de Conceição.