Qarabag-Sporting: memórias e uma certeza do primeiro português a jogar no Azerbaijão
Há uma década, o espírito aventureiro de Renato Queirós em fim de contrato com o Paços falou mais alto: rumou ao desconhecido, passou lá um ano e trouxe, garante, uma experiência única. "Voltaria a repetir!"
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Estávamos em 2008 e Renato Queirós, então com 30 anos, terminava o contrato que o ligou durante três épocas ao Paços de Ferreira. E o futuro? O avançado nunca tinha saído de Portugal, mas ao fundo do túnel surgiu... o inesperado, uma proposta do Baku FK, clube do Azerbaijão. O espírito de aventura, contou em exclusivo a O JOGO, falou mais alto e ajudou a fazer história: seria o primeiro português a jogar em solo azeri.
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"Tive várias abordagens para prosseguir a minha carreira em Portugal; no entanto, fui contactado por um empresário que me falou do interesse de um clube do Azerbaijão e me perguntou se queria ir jogar para lá. O convite foi uma surpresa, pois não conhecia nada do país. Mas como o Baku FK estava, naquela altura, a estagiar na Áustria, aceitei ir lá para fazer uma semana de treinos e ficar a conhecer a sua realidade. As coisas correram-me bem e resolvi aceitar", explicou o profissional na área de scouting, hoje com 41 anos, não esquecendo o verdadeiro motivo da conversa, o facto de o Sporting voar até ao largo do Cáspio para tentar carimbar o passaporte para a próxima fase da Liga Europa. E vai conseguir... "Não tenho dúvidas. O Sporting tem melhor equipa, tem feito uma boa campanha na Liga Europa e acho que tem todas as condições para atingir os seus objetivos nesta deslocação a Baku", garantiu.
Mas queríamos saber mais do futebol azeri, principalmente para quem o viu em fase embrionária. E Renato não se esquece do que encontrou no Cáucaso. "Não é comparável a realidade que encontrei em 2008 com a de agora. Na altura, a liga - e muitos dos clubes - estavam a dar os primeiros passos; hoje, as equipas são mais organizadas, os estádios são muito melhores e o campeonato ganhou outra dimensão", prosseguiu, lembrando o quão difícil era rumar a um destino tão distante há uma década: "O mercado do futebol era outro e o único que existia - e para onde os jogadores iam - era Chipre. O resto da Europa, a Ásia e os Estados Unidos praticamente não existiam. Mas não hesitei, pois sabia que iria trazer aspetos positivos. Tive dificuldade na adaptação, mas fiz amizade com o subcapitão, o Fuzili, que me abriu as portas da cultura e da sua casa. Dizia que era o único que merecia - a brincar, claro. Voltaria a repetir!"