Seguidores nas redes sociais sobem e aumentam as receitas. Patrocinadores também pagam mais.
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A qualificação para os quartos de final da Liga dos Campeões elevou o bolo encaixado pelo Benfica na prova para os 65,33 milhões de euros, mas a receita pode subir consideravelmente. Quer a nível de bilhética, pela realização do mais um jogo na Luz, e ante um "tubarão" como o Liverpool, quer pelo aumento dos valores de patrocínios e também fruto da exposição mediática de que o clube encarnado beneficia com a presença nesta fase tão adiantada da competição.
Os números de seguidores das páginas nas redes sociais subiram, nomeadamente no Instagram e Tik Tok, com aumentos de 20 mil seguidores desde a véspera do apuramento ante o Ajax, mas a questão vai além disso.
As visitas e visualizações de vídeos e conteúdos também crescem e o nome da marca é referido em muitas contas com milhões de seguidores, sejam outros clubes, jornais ou páginas dedicadas ao futebol. Algo que, como sublinha a O JOGO Paulo Rossas, diretor de conteúdos digitais na J. Walter Thompson, agência multinacional de publicidade, "é ótimo em termos de negócio, pela grandeza e pela comunicação". "É melhor uma vitória destas na Champions do que vencer uma taça", atira, explicando: "Aqueles oito clubes vão ser falados durante semanas de forma completamente grátis. Se há pessoas que não sabem o que é o Benfica e pensam o que está ali o Benfica a fazer, vão clicar e procurar. Isso chama mais adeptos. Depois, o Benfica, como todos os clubes, tem de fazer o seu trabalho de casa para impactar e vender produto."
Por isso, admite que se trata de um "euromilhões mediático, que qualquer clube deve aproveitar", explicando que o Benfica, "com uma boa campanha, pode alcançar uma receita de milhões de euros" beneficiando desta exposição. "Quando o Benfica ganha, há muito retorno financeiro ao dia. Pode fazer até 150 a 200 mil euros. As pessoas querem comprar, e com a pandemia ficou mais fácil, com as lojas online.
"Uma vitória na Liga dos Campeões muda a perceção lá fora e cá dentro. O "social media" veio ajudar nisto, nesta noção de grandeza", refere, sublinhando: "Se há mais pessoas a falar a probabilidade de ter negócio é maior, se falo de um clube acabo por comprar um produto ou um bilhete. Todas as métricas subiram em todas as plataformas: Facebook, Tik Tok, Youtube, Instagram e Twitter. Vitórias lá fora trazem retorno de pessoas que conhecem a marca. E existem mecanismos para atingir estas pessoas com mensagens chave, que chamamos de estímulos."
Cláusula valem extra de patrocinadores
O mediatismo da qualificação leva a que, no caso do Benfica, haja, apurou O JOGO, também um pagamento extra por parte dos principais patrocinadores do clube. Se os colossos mundiais recebem o dinheiro dos patrocínios à cabeça e sem dependência de desempenhos desportivos, no caso das águias, existem cláusulas que preveem este tipo de situações, nomeadamente campanhas mais longas na Liga dos Campeões. Isso permitirá assim mais dinheiro para os encarnados, que nos primeiros seis meses do exercício 2021/22 receberam praticamente dez milhões de euros (9 857 M€) dos patrocinadores.
De forma a dar maior exposição ao clube e às marcas associadas, o Benfica prepara mais um vídeo dedicado à eliminatória com o Liverpool, a exemplo do que sucedeu com o Ajax - produção que, a meias com o clube de Amesterdão e lançada antes da eliminatória, teve grande impacto -, e Paulo Rossas explica que esta é outra ferramenta para explorar: "Podem pegar nas pessoas que viram 95% do vídeo e enviar anúncios. Essas são as pessoas que estarão mais dispostas a comprar produtos."
Receita esperada de um milhão de euros
O apuramento para os "quartos" permite também aos encarnados rechearem os cofres, uma vez que os responsáveis encarnados esperam uma receita a rondar o milhão de euros pela receção ao Liverpool, sendo que até ao momento, e segundo o relatório do primeiro semestre, encaixaram 2,8 M€ pelos cinco jogos realizados nas provas europeias, ainda que com limitações no arranque - os três da fase de grupos, mais os dois das eliminatórias. Esta verba fica longe do recorde de 2,5 milhões registado em 2006, aquando da receção ao Barcelona na mesma fase da prova, mas permite uma verba significativa. Antevendo os adversários, as águias tinham preparado três níveis de preços para os bilhetes, tendo em conta o peso de mercado dos clubes presentes nos "quartos": um mais alto para o Real Madrid, um mais baixo para o Villarreal e um intermédio para os restantes, onde se encontra o Liverpool.