Declarações de Pinto da Costa à margem do jantar comemorativo dos 42 anos de presidência do FC Porto, esta terça-feira, no Casino de Espinho
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Após ter assumido a liderança do FC Porto, pensou algum dia atingir esta longevidade e estar aqui passados por 42 anos? "Não, nunca pensei, nunca pensei e nunca ninguém pensou. Unicamente as coisas foram andando, foram passando um dia, dois anos e até à realidade. Estou aqui com muito orgulho e muita satisfação de ver tanta gente portista aqui à minha volta, tantos amigos, mas pensar acho que ninguém pensava."
Como resume em poucas palavras estes 42 anos? "Em poucas palavras foram 42 anos de uma entrega total ao FC Porto, onde tive a ajuda preciosa de muita gente. Alguns, infelizmente, não podem estar aqui porque já não estão no meio de nós. E de toda a massa associativa, foi essencial em todos as vitórias que conseguimos. O FC Porto venceu em diversas modalidades 2.600 títulos. E só foi possível fazer isso aqui pelas equipas, treinadores, os atletas, mas sobretudo pela união que a massa associativa do FC Porto, que sempre esteve à volta das suas equipas."
Título mais especial: "Foi o de 87, quando fomos campeões europeus em Viena, porque eu tinha posto no meu programa que queria estar numa final. Tinha estado em 84, depois que disse que queria voltar, mas ganhar. E foi, de facto, uma noite inesquecível, porque contra todas as opiniões do futebol europeu, nós conseguimos bater o poderosíssimo Bayern Munique com toda a justiça. Portanto, esse foi o marco em termos de vitórias mais importante de todos estes 42 anos."
Memórias dos tempos em que estava ao serviço do clube, mas não como presidente: "Sim, o meu primeiro cargo diretivo, o primeiro cartão que eu tenho, foi uma recordação, é de 1962. Portanto, nessa altura nenhum de vocês era vivo e também nesse período tive momentos de muita satisfação. As vitórias do hóquei em patins, vitórias de todas as modalidades. Foi no hóquei que me iniciei como dirigente, mas todas elas me deram enorme satisfação. E no futebol, quando conseguimos ganhar títulos ao fim de 19 anos de jejum. Também durante esse período de 20 anos tive grandes alegrias e vivei momentos importantes também ao serviço do FC Porto."
Quando olha ao espelho, sente-se um homem feliz? "Eu nunca olho para o espelho, já sei fazer a barba sem espelho, às vezes anda mal feita, mas nunca olho para o espelho. Agora, levantar-me, todos nós, não sou só eu, acho que quando nos levantamos, eu pelo menos agradeço sempre a Deus mais um dia de vida, de boa saúde, portanto, acho que todos nós sentimos isso. À medida que o tempo avança ainda sentimos mais, mas levanto-me sempre com vontade e força para fazer o meu papel."
Assinalam-se 50 anos do 25 de abril, o que falta cumprir em termos de liberdade? "Falta o 25 de Abril no futebol."
Porquê que diz isso? "Porque o futebol, o 25 de Abril, foi feito para dar liberdade, para dar liberdade de expressão. No futebol uma coisa é insultar as pessoas, que isso já não é liberdade, isso é ir contra a liberdade das pessoas. Agora, no futebol, dar uma opinião ou mostrar um desacordo contra factos concretos dá castigos, repito, falta o 25 de Abril no futebol."
Castigos são tentativas de condicionamento? "Claro que sim. Por exemplo, no Estoril eu disse que o VAR não devia ter intervido, que o árbitro tinha estado mal, e depois veio um processo por ter dito isso, e passado uns dias o Conselho de Arbitragem vem dizer que o VAR não devia ter intervido. Então, naturalmente, também vão pôr um processo ao Conselho de Arbitragem. Portanto, repito, no futebol português falta o 25 de Abril."
E este Abril é muito importante para o FC Porto... "Para o FC Porto são todos os dias importantes. Todos os dias temos de trabalhar, todos os dias há problemas para resolver, todos os dias, quase todos os dias há jogos de qualquer modalidade e queremos sempre vencer. Portanto, para mim todos os dias são importantes."