Pinto da Costa: "Agradeço a Deus ter os amigos que queria e saber ignorar os inimigos"
Declarações de Pinto da Costa na cerimónia de apresentação do livro Azul até ao Fim
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Primeiro agradecimento: "Queria agradecer a todos os que vieram. Quando me disseram que tinham alugado esta sala, disse que ia ser muito grande e depois vão explorar que estava pouca gente. Afinal, a sala está cheia. De amigos e de gente que gosta de mim."
A razão do livro: "Comecei a escrever não para ser um livro, escrevi para mim. Não queria que ninguém soubesse, como está escrito. Resolvi escrever para mim e senti que quem sofre um choque como sofri, que tinha um tumor maligno... é um choque. Quem passou sabe do que estou a falar, quem não passou espero que nunca passe. Então resolvi escrever para mim, era uma forma de desabafar"
Agradecer a Deus a vida: "Acho que as pessoas que gostam de mim vão ler o livro. Encarei o diagnóstico com realidade, não tenho que me queixar. Tinha 84 anos e hoje estou com 86. Espero fazer os 87. Só tenho de agradecer a Deus a vida que me deu, que me permitiu fazer o que quis e gostava de fazer. Ter os amigos que queria e saber ignorar e esquecer os inimigos. Só peço a Deus que todos vós durem pelo menos até aos 86, como eu. Seria bom para todos", acrescenta Pinto da Costa
A razão: "Esta é a razão deste livro. Não queria incomodar com a minha doença dois dos meus irmãos que infelizmente já faleceram. Fui escrevendo sobre o que sentia no dia a dia. Não um diário, que não escrevia todos os dias, mas quando havia algo de anormal, que sentia necessidade de transmitir para mim e para os que fossem ler... Na página 54 está escrito que o livro não era para editar. Sei que está a ter uma boa aceitação, já tem uma segunda edição"
Momentos: "Tem momentos de felicidade que vivi, momentos desagradáveis. Sei que a capa do livro chocou algumas pessoas. A escolha foi minha. Achei natural. Porque têm de compreender que depois de ter sabido da minha doença, já morreu muita gente, alguns deles meus amigos que estavam de muito boa saúde. Para morrer basta estar vivo, não é preciso mais nada. Devemos encarar a morte não como uma desgraça mas com naturalidade. Entendi que a melhor forma de mostrar nisso era pôr na capa um caixão.
Um desejo: "Quero que o meu corpo seja cremado e que as minhas cinzas sejam espalhadas na azinheira da capela de Nossa Senhora de Fátima""