Perigo do Bodo/Glimt começa no sintético: "Não será nenhum passeio para o FC Porto..."
Adversário europeu é um clube pequeno, mas os portugueses radicados na Noruega avisam o FC Porto que “não será nenhum passeio”
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Salvo esporádicas aparições nas competições europeias, o Bodo/Glimt é quase um desconhecido para a maioria dos adeptos. Sediado acima do círculo polar ártico, o clube que o FC Porto se prepara para defrontar no arranque da primeira fase da Liga Europa venceu o campeonato norueguês apenas por três vezes, todas nesta década. Por isso, O JOGO convidou dois portugueses que representam clubes noruegueses a apresentar o primeiro adversário dos dragões na Europa.
David Ribeiro, adjunto do Valerenga, e Cláudio Braga, extremo do Aalesung, antecipam em O JOGO o que os dragões vão encontrar na quarta-feira, no arranque da participação na Liga Europa.
“Não é uma equipa com muita história ou com muitos adeptos”, explica Cláudio Braga, extremo que há dois anos rumou à Noruega, onde representa o Aalesund (II Liga). “É um clube pequeno, com um estádio também pequeno, até porque a cidade não é muito grande. Estão para construir um estádio novo, mas têm um bom ambiente. Para o FC Porto, será, mais ou menos, como jogar num estádio como o do Rio Ave”, compara David Ribeiro, treinador que chegou ao Valerenga (II Liga) em 2015 e foi subindo patamares até chegar a adjunto do clube.
O curto historial, contudo, esconde os perigos que o FC Porto se prepara para a encontrar. A começar pelo tempo. “É um sítio difícil de jogar, porque é muito frio”, descreve Cláudio Braga. Ainda assim, o calendário foi meigo com os azuis e brancos. “Deve estar a chover, mas vão estar seis ou sete graus. Se o jogo fosse daqui a três meses, aí a coisa era bastante complicada. A Roma, na altura do José Mourinho, veio cá jogar no inverno com dois metros de neve à volta do estádio, temperaturas negativas e um relvado muito rápido devido a algum gelo”, recorda David Ribeiro. O tapete artificial, aliás, poderá ser um dos obstáculos.
“É uma diferença muito grande para a relva natural e isso também torna o Bodo/Glimt fortíssimo em casa”, sustenta o extremo do Aalesund. “Muitas equipas que vêm de fora, habituadas à relva natural, quando chegam lá a cima têm dias complicados”, reforça o adjunto do Valerenga, que na época passada saiu derrotado de Bodo (4-2) no campeonato.
Do “relógio” Patrick Berg ao favoritimo portista
Quando a bola começa a rolar, Cláudio Braga avança que o Bodo/Glimt “é muito conhecido por não abdicar dos seus ideais”. “Eles gostam de ter a bola e sentem-se confortáveis a sair desde trás”, nota o extremo de 24 anos, que se assume como “portista desde pequenino”, pelo que dá “graças a Deus” por Pellegrino, autor de 32 golos e 11 assistências em 2023, ter trocado os noruegueses pelo San José Earthquakes. “Agora a referência será Patrick Berg. É um médio com muita qualidade”, elogia, opinião partilhada também por David Ribeiro. “É como um relógio”, refere o técnico sobre o capitão do atual comandante da liga norueguesa. “O Bodo/Glimt vai tentar controlar, pôr a bola no chão e acelerar o jogo no sintético. As pessoas podem pensar que não faz muita diferença, mas faz, porque a velocidade do jogo é completamente diferente”, reforça.
“O Bodo/Glimt vai tentar controlar, pôr a bola no chão e acelerar o jogo no sintético”
Por ter visto clubes como a Roma, o PAOK e o Estrela Vermelha passarem por dificuldades na Noruega, o adjunto do Valerenga acredita que não será “nenhum passeio para o FC Porto”. Ainda assim, aponta-o como “favorito”. “O FC Porto terá que trabalhar bastante para levar os três pontos. Se fosse no Dragão, diria que teria o controlo absoluto. Mas aqui será equilibrado”, prevê David Ribeiro, pelo que Cláudio Braga aconselha os dragões a “jogarem com raça, agressividade e energia”. “Isso não pode faltar”, indica. “O FC Porto é uma das melhores equipas do mundo e isso pesa muito. Tenho a certeza que, se meterem a agressividade característica do clube e se os jogadores demonstrarem a qualidade deles, pode vir um Bodo/Glimt muito forte que o FC Porto tem mais condições para ganhar na mesma”, perspetiva o ala do Aalesund.