Ricardo, antigo guarda-redes internacional português, marcou presença num evento a propósito do dérbi de domingo. Falou sobre o jogo e recuperou um duelo passado impossível de esquecer.
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São estes jogos que mexem com o público que gosta de futebol?
"Os dérrbis mexem mais com as emoções das pessoas, acima de tudo que seja bem jogado e um espetáculo dentro e fora de campo. Os dérbis deixam as pessoas com as emoções à flor da pele por questões culturais e até por brincadeira. Cada um quer que a sua equipa ganhe, mas não que não passe disso. As pessoas têm de ter consciência que precisam de trazer energias positivas"
O Benfica tem vantagem por ter mais um dia de descanso e por ter ganho o último jogo?
"Quando há dérbis não existe liga, classificação e não existe nada. É apenas um jogo que as duas equipas querem ganhar. Podem é ser usados como estratégias para os treinadores prepararem o jogo. Assim que apita para o início do jogo, não há classificações que resistam e é um jogo que os jogadores e treinadores querem ganhar".
O Sporting já está afastado do título?
"Ainda agora começou a segunda volta, são questões que se alimentam por aquilo que é dito à volta, mas para os clubes não existe nada acima do brio profissional, tentando ganhar sempre o jogo e no próximo mês já podemos estar a falar em outra situação. E na televisão diz-se tanto disparate e as pessoas nunca são confrontados com o que disseram um mês antes. O Sporting se vencer pode voltar à luta pelo título e o Benfica mais longe. Estou a dar uma hipótese, mas ainda faltam tantos pontos e é bom tentar manter essa chama acesa".
Tendo em conta distância pontual, não é um jogo decisivo para as duas equipas?
"Nada é impossível, já vi equipas muito longe e chegarem lá. Também já vi uma equipa terminar a primeira volta em terceiro lugar e descer de divisão."
Quem pode resolver?
"Só sei que eu já não resolvo. Claro que se pode ver quem está melhor e quem não está, jogos destes é um ambiente fantástico, independente do jogo bem jogado, e espero que ganhe, o Sporting, que ganhe o coletivo. Todas as partes dentro do campo e quem possa entrar participe numa festa coletiva".
Como vê Renan e Vlachodymos?
"Têm dado provas muito boas, dois excelentes guarda-redes em duas grandes equipas, por si só fazem aquela tão individualidade que ajuda os companheiros. Normalmente os guarda-redes nunca ganham, só ganha quem marca os golos, mas têm um papel fundamental no que têm para oferecer. O trabalho deles, somado aos dos companheiros, vai somar quem vai vencer".
Qual o mais marcante do ponto de vista positivo e o mais marcante do ponto de vista negativo?
"Pela positiva foi o que ganhamos 3-1 na Luz e o mais marcante pela negativa foi quando perdemos a possibilidade de ganhar o título na Luz".
Ainda mexe consigo esse jogo?
"Há tempos estive com o Luisão e falamos sobre isso. Foi uma boa memória para ele, mas para mim não. Marca individualmente e coletivamente o clube".
Nessa conversa com o Luisão ele reconhecer que fez falta?
"Perguntei a ele (risos). A pessoa (Paulo Paraty) que provocou tudo já não está cá, se tivesse possibilidade de o confrontar diretamente ia fazê-lo, mas tenho de respeitar a sua memória".
Numa altura que se fala de conversa extra futebol, os ex-jogadores conviverem e é um bom exemplo?
"O melhor do futebol são os jogadores. Mas o futebol está cheio de gente que só faz mal e que está no futebol só para se servir. O melhor que existe são os jogadores e tudo o que envolve. Não quer dizer que não haja problemas entre jogadores e dentro de campo, mas resolvem-se rapidamente. Temos de ter a noção que há muita gente que quer que o futebol deixe de ser o fenómeno que é hoje. Temos de mostrar que o futebol é melhor e pode ser muito melhor".