Declarações de Domingos Paciência no programa "Hora dos Craques", do Porto Canal, apresentado por Maniche.
Corpo do artigo
Acabar a carreira aos 32 anos: "No último jogo, em 2001, ao saltar com o Idalécio, apoiei mal e senti o joelho. O ligamento cruzado anterior, ao qual eu já tinha sido operado, ficou por um fio e havia a possibilidade de ter de voltar a operar. Com 32 anos, comecei a pensar que ia ter de ficar seis ou sete meses a recuperar e que nunca voltaria, se calhar, a ser o mesmo jogador. Tomei a decisão de deixar de jogar. É um dia que nunca queremos que chegue e que só de imaginar que um dia chegará é um trauma."
Ainda quer ser treinador? "Serei treinador eternamente. Em termos de projeto, neste momento, estou menos ambicioso. Já deixei há cinco anos. Não fecho a porta, enquanto o bichinho estiver cá dentro pode aparecer um projeto aliciante que me motive a voltar, mas de momento não."
Saída do Braga em 2011: "Fiz um bom primeiro ano, com um segundo lugar. E, na altura, pensava que vinha para o FC Porto, sempre tive esse sonho. Falei com o Antero [Henrique], disse-me que estava à procura de um treinador com mais experiência internacional e acabou por vir o André Villas-Boas, enquanto eu fiquei em Braga, tinha mais um ano de contrato. Em 2011, sentia que ia ser difícil fazer uma época igual, o campeonato já não nos correu tão bem, mas chegámos à final da Liga Europa, fizemos um percurso internacional memorável, 19 jogos desde a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Isso deu-me estatuto internacional e eu, mais uma vez, pensei que ia ter essa oportunidade. Num aniversário, o presidente veio ter comigo e disse-me: 'Não sei se vais ou não para o Sporting, mas gostava que ficasses mais um ano em Braga, depois no ano seguinte poderias ser treinador do FC Porto.' Disse-lhe que adorava ficar mais um ano em Braga, mas que não ia conseguir fazer melhor do que tinha feito. Na semana seguinte, o André foi embora, mas eu já tinha dado a palavra ao Sporting, tinha tudo certo."
O que falhou no Sporting: "O projeto do Sporting tinha boa visão. Era uma renovação completa do plantel, entraram 16 jogadores nesse ano. O projeto era ser campeão em dois anos e acreditei que era possível ser eu a mudar o que tinha sido o percurso do Sporting. A minha ideia como treinador era chegar a um clube grande. O que correu mal no Sporting é que o que era para três anos passou para três meses. Vamos jogar à Luz e, se ganhássemos, seríamos primeiros classificados, e o presidente disse numa entrevista que íamos ser campeões. Como é que é possível?"
Assumir equipas em risco de descida: "Todo o percurso foi de boas experiências. Vivi experiências espetaculares na Turquia, no Chipre, não me arrependo de nada. Há coisas que te ocultam quando vais para um clube. Não te vão dizer que têm seis meses de ordenado [em atraso] e que tiveram de ir a casa buscar o treinador que estava antes, porque ele já nem queria vir. No Depor, os jogadores não recebiam há seis meses. Vou para um treino e a equipa não aparece: estão reunidos no balneário, não treinam enquanto não pagarem. Não tinha conhecimento disso. Quando assinas, é tudo promessas e eu tive muitas surpresas."
16345271