"Pelo Braga houve o histórico segundo lugar. Tiraram-nos a hipótese do primeiro"
Com o Braga a piscar o olho a mais uma prova milionária, fomos ao encontro de Matheus, avançado crucial nas proezas da era Domingos, ajudando e muito à estreia dos guerreiros na competição maior
Corpo do artigo
De regresso ao Brasil para jogar no Itabaiana, de onde se transferiu para o Marco, em 2005, atraindo logo a atenção do Braga, o avançado Matheus está aos 40 anos empenhado ainda em deixar marca no futebol, após uma vida em Portugal, outra na Ucrânia, no Dnipro, e outra na China.
Matheus foi atacante em foco com Jesus e Domingos. Viveu o sonho do título em 2009/10 e ajudou a meter equipa na Champions
Com 120 jogos em Braga, viveu o segundo lugar com Domingos Paciência, era o suplente de luxo da equipa, jogou a Champions da época seguinte, brilhando numa vitória com o Arsenal, dois golos e dois abalos nos "gunners", já antes decisivo nas pré-eliminatórias com o Sevilha. O talento foi tão reconhecido que acabou por perder o momento histórico, que foi a final de Dublin da Liga Europa com o FC Porto, pois rumara à Ucrânia meio ano antes.
"Fomos segundos, porque nos tiraram o primeiro num jogo na Luz. Mas está destinado a ser campeão"
"Saí com o Braga no meu coração, por momentos espetaculares que aí vivi. Fiz história noutros lados, mas pelo Braga houve esse marco histórico que foi o segundo lugar. E só foi assim, porque nos tiraram a hipótese do primeiro lugar", explica, observando a luta com o Benfica em 2009/10. "Mas o Braga está a destinado a ganhar, vai alcançar esse título, hoje é um grande de Portugal pelo que tem feito e por esta temporada. Já não vale a pena escalonar quem é grande. Tenho um respeito enorme por essa camisola, o que vivi no Braga não me sairá da cabeça", sustenta.
"Foi uma família, o Braga foi o clube que descobriu o meu potencial. O que me acompanha é muito forte, só acaba quando eu deixar de existir", exorta o atacante, que acabou de trocar o Itabaiana pelo Sergipe, após cumprir o desígnio de ajudar a equipa das suas raízes a vencer o campeonato Sergipano. Sem receber. Matheus faz um aparte. "Sei o que ganhei fora do Brasil e também sabia que o clube não me podia pagar nada de especial, decidir reverter o meu salários em cabazes de alimentação para os mais necessitados. Esse é o maior logro da minha carreira", admite.
16399309
Domingos avisou que era para lutar pelo título
Matheus recupera o tema Braga com confidências. "Esse plantel foi o melhor onde trabalhei, um alento jogar com Alan, Mossoró e Paulo César. Estivemos muito perto de ser campeões. Não nos deixaram na Luz, houve um penálti claro e aquele golo do David Luiz", explica o antigo avançado, treinado por Jesus e Domingos Paciência. "Não conseguimos o que tínhamos em mente, Domingos chegou e disse que era para sermos campeões. Não fomos, mas merecíamos. Ainda virá essa justiça para o Braga", reitera, lembrando a cobiça de Salvador pelo cetro. "A pressão do presidente e adeptos era uma boa colocação. O clube vinha acostumando todos na UEFA e não se podia passar para fora que era para lutar pelo título. Tinha de ser devagar, ponto a ponto, até ao presidente assumir. Os adeptos acreditaram e isso foi uma força mais para nós, convivíamos bem com o objetivo, era um envolvimento geral. Ficámos marcados na história pelo segundo lugar e pela final da Liga Europa", nota. "Fiquei conhecido pelo Braga, proporcionaram-se conquistas e grandes acontecimentos, como foi chegar à Ucrânia e China e viver tantos momentos espetaculares. Fiquei o tempo que Deus quis, teria sido bonito escrever um pouco mais de história", realça.
16405091
Champions é obrigatória
Atento à atualidade, Matheus dispara: "Está claro que o Braga tem de lutar pelo título e tem de marcar presenças sucessivas na Champions. Pelo seu tamanho e organização já não pode ficar mais de fora dessa prova. E sei que está aí nova oportunidade no Jamor. Espero que ganhem, é justo para os jogadores", afirma, enumerando aqueles que lhe enchem as medidas. "Matheus está a fazer um trabalho incrível, conheço o seu irmão Moisés aqui da China, o Pizzi, que trabalhou comigo em Braga, é espetacular. Mas também há os irmãos Horta, são fantásticos."