Artigo de opinião de Pedro Proença, presidente da Liga, na sequência do estudo que aponta para<a href="https://www.ojogo.pt/futebol/noticias/pandemia-devasta-saude-financeira-do-futebol-profissional-doenca-custa-276-milhoes-13152338.html" target="_blank"> perdas entre os 276 e os 362 milhões de euros no futebol profissional, face à pandemia.</a>
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Este inquérito feito às nossas Sociedades Desportivas, e que nos revela dados que são pouco confortáveis e nada animadores para o Futebol Profissional, será partilhado com a secretaria de Estado da Juventude e Desporto, com o ministério da Economia, com a AICEP e com a CIP, para que estas entidades tenham real conhecimento do que estamos a falar.
Os gastos das nossas Sociedades Desportivas no combate à COVID-19 são, claramente, superiores à redução dos gastos associados à ausência de público. Em tudo o que diz respeito à organização de jogo, na maioria dos casos, este fator não tem compensado, porque o acréscimo tem sido grande, não só com os gastos adicionais relacionados com estágios, como com a realização de testes e materiais de proteção individual.
Mantendo-se este cenário, e acreditamos que a mudança possa estar para breve, falamos na possibilidade desta indústria, que tem um impacto de 0,3% no PIB nacional, ter muitos postos de trabalho colocados em causa.
Queremos acreditar que, com o aparecimento das primeiras vacinas, e a possibilidade de ver estabilizada a médio prazo da situação médica do país, podemos começar a pensar na reabertura dos estádios ao público. Quando lançámos este desafio às autoridades de saúde, em sintonia com a FPF, houve algum ceticismo, mas a verdade é que o Futebol e os seus adeptos responderam da melhor forma nos testes-piloto que foram efetuados.
Quem vive nesta indústria tem a sensibilidade suficiente para, além da avaliação económica, perceber que a ausência de adeptos nas bancadas começa a colocar em causa o futuro do Futebol. Acreditamos que, exemplos como os de Inglaterra, onde os adeptos estão a regressar aos poucos, podem ser seguidos em Portugal já em janeiro. Não só pela mensagem de esperança que damos, também ao país, mas aos nossos Clubes que terão, agora, um caminho a percorrer até voltarem à fidelização daqueles que são um dos suportes anímicos das equipas, e que devem continuar a respeitar a quotização e regressar ao apoio semanal nos estádios.
Pedimos atenção máxima ao poder político para o facto da continuidade na criação de Talento, que tem sido uma das nossas bandeiras, poder ser hipotecada, dada a ausência de apoios ao Desporto, que tem também uma forte importância social.
Por isso dizemos que o Desporto não pode ficar fora do plano de revitalização económica, que vai abranger vários países europeus. Falamos de vários impactos, mas o "cash flow" de tesouraria dos Clubes é um tema a ter em causa, já que, caso as Sociedades Desportivas não venham a receber uma injeção de dinheiro de forma célere, podem ter graves impactos de tesouraria, o que leva, por exemplo, ao aumento de dividas financeiras e deterioração dos seus balanços.
No caso concreto do Futebol, este défice poderá comprometer a formação, que é o mesmo que dizer que o futuro do Futebol Profissional português pode estar em causa".
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