Pedro Gonçalves recorda dificuldades no Braga: "Cheguei a ser meio assaltado..."
Declarações de Pedro Gonçalves em entrevista à Sporting TV
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Futebol desde pequeno e o futebol de rua: "Tinha um grupo de amigos que íamos para um ringue e divertíamo-nos muito a jogar, também fazíamos torneios na escola. Eram momentos muito divertidos. Os mais velhos deixavam jogar, era sempre dos primeiros a ser escolhido, sabiam que estavam mais perto de ganhar. Em casa eu era melhor que os meus irmão e ganhava, quando perdiam ficavam chateados. As coisas vão mudando. Não há tanta segurança dos pais em deixar os filhos sair hoje em dia. A minha mãe e padrasto eram roupeiros do Vidago, vivia mesmo no campo. Ficava até desligarem os holofotes e ficar às escuras e ter de ir para casa."
Ligação familiar aos bombeiros: "Os meus dois irmãos trabalham nos bombeiros de Vidago e o meu padrasto faz alguns fins de semana, pelos incêndios. O meu falecido pai também era grande comandante dos bombeiros. Eu nunca tive o gosto, tenho muito medo a incêndios. Via notícias... O meu mais novo conduz a ambulância, o mais velho é mais de incêndio, gosta de arriscar a vida. Eu não arrisco assim, é mais os joelhos e etc."
Pré-temporada: "Esta segunda semana custa mais, começam, a sentir-se as dores musculares."
Percurso: "Fui para Braga aos 11/12 anos. Foi mais difícil que para o estrangeiro. Não tinha as condições de agora. Meteram-me motoristas privados, ficava na casa de uma senhora, depois íamos até à escola, ao restaurante e os treinos eram só à noite. A partir daí não tinha ninguém, ia sozinho para o restaurante e a casa. Fazia o caminho sozinho, pelas nove dez da noite. Até cheguei a ser meio assaltado por miúdos mais velhos, porque estava a fazer a caderneta dos cromos. Parei, feito burro, sentaram-se ao meu lado. Não tinham o Iniesta e queriam ficar com ele. Depois perguntaram por dinheiro e telemóvel. E eu comecei a correr. O Braga sentiu que fiquei com medo, já não ia jantar, ligava à minha mãe todos os dias a chorar a dizer que queria voltar para casa. Mas deram-me depois condições. E fiquei com o Iniesta."
Estrangeiro: "Aguentar o que passei em Valência se calhar alguns não aguentavam e vinham embora. Fiquei um ano sem jogar, a FIFA diziam que me podiam inscrever, depois já não. Só com 18n anos. Foi um ano só a treinar, foi chato. Estava na Academia, treinava e não recebia porque ainda não podia ter contrato profissional. No Wolverhampton só joguei seis meses porque estavam sempre a insistir para renovar. Estive mais três meses sem jogar. Joguei seis meses em dois anos. Correr em altas velocidades foi bom, foi o momento certo para ir para Inglaterra. Gostaram de mim, criei ligação. No Wolverhampton davam condições de receber mais um bocado, mas não davam confiança de ser aposta na equipa principal, podia ser emprestado. pensámos e voltei ao Famalicão. Também não me deram certeza, cheguei desconhecido e tive de dar à perna até o treinador gostar de mim. Ideia era ter uns minutos. Correu bem."