Pedro Catarino, filho do carismático Paulo Catarino, aborda a sua improvável mudança da 2ª Divisão da AF Setúbal para a 2ª Divisão dos Emirados Árabes Unidos. Ficar atrás de Gyokeres num ranking nacional, muito ajudou...
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Pedro Catarino, filho do carismático Paulo Catarino, o goleador que nunca se vergou à idade, ainda jogava na época passada com 53 anos, tem o destino selado para os Emirados Árabes Unidos, tendo assinado contrato com o Al-Ittifaq, da 2ª Divisão, num salto impensável no que é a dimensão do futebol e a troca de informação que proporciona, da 2ª Divisão Distrital de AF Setúbal, após ter ajudado o Vitória a subir como campeão, marcando 44 golos em 30 jogos.
Uma transferência marcante este filho do Sado, de uma família tradicional de Setúbal, que herdou os genes goleadores do pai, obreiro de 300 golos em 611 jogos enquanto sénior.
Numa época em que rebentou a escala, quanto a objetivos que projetara, Pedro Catarino vibra com o futuro, saboreando também um ranking em que foi o 3º maior anotador de golos em Portugal, só atrás de Campinhos (56 golos, pelo Távora, da AF Viana do Castelo) e o estratosférico Gyokeres (48).
"É impossível esquecer uma época como esta, vai estar sempre na minha memória. Marquei 44 golos pelo clube em que sempre sonhei jogar como sénior. Isso é impagável", garante Pedro Catarino.
O avançado vai fazer a travessia da vida, envolvido por uma aura gigante, um clímax de confiança e uma inspiração imbatível por perto. "É verdade que fui mais falado recentemente porque fiquei entre os três melhores marcadores da época, atrás de um nome como o Gyokeres. Há que diferenciar as coisas e as divisões. De qualquer modo 44 golos são 44 golos, as balizas são do mesmo tamanho!", graceja Pedro Catarino, tentando ainda perceber as mudanças que se avizinham na vida, de Setúbal para Abu Dhabi.
"O meu pai foi, claramente, importante nesta decisão. Foi uma decisão difícil mas que percebi que tinha de ser tomada. Tenho um filho pequeno, vou arriscar e vou sozinho. Vai ser complicado, as saudades vão tomar conta de mim várias vezes mas conto com total apoio de toda a família e amigos. De todos os que gostam de mim! Hoje também há mais formas de nos mantermos todos conectados, não é como no tempo do meu pai. Era mais difícil falar quando ele foi para Amarante ou Leça, do que será, agora, na minha mudança de Setúbal para o Dubai", atira.
Pedro Catarino abraça os tempos modernos e avista o fôlego financeiro que virá desta aposta, ele que lutava por marcar golos e manter viva a paixão, enquanto também se multiplicava para dar a mão em alguns locais da restauração.
"Será uma grande mudança desportiva e financeira. Penso que é algo que vai fazer uma grande diferença em alguns meses. Quero voltar rápido, mas não é possível adivinhar o dia de amanhã Só eu é que vou poder decidir isso ao longo da época, consoante o que fizer. É uma mudança boa porque vou voltar e poder dar muitas coisas ao meu filho", confessa Pedro Catarino, bombardeado de mensagens e felicitações.
"Chegaram muitas, mas o que mais valorizo é o que me diz o meu pai, a minha maior inspiração e força ao longo da carreira. Nos altos e baixos, ele esteve sempre comigo", desabafa o ex-avançado sadino, olhando a um novo capítulo que se abre a 1 de Agosto, quando tem de se apresentar no Al-Ittifaq. "Não posso prometer muita coisa, apenas direi aos treinadores para não me pedirem fintas. Dificilmente vou fintar. Se me pedem golos, a história é outra!", avisa, lendo o reconhecimento que chegou, atuando na 2ª Divisão da AF Setúbal.
"Fiquei surpreendido, é certo! Mas um clube como o Vitória tem uma dimensão que as pessoas desconhecem. Não sabem como chega longe o nome do Vitória. Eu devo tudo a este clube, fez-me concretizar, agora, o sonho de ser profissional. Espero voltar e também ajudar este clube enquanto profissional", remata Pedro Catarino.