Patrick Morais de Carvalho explica razões da recandidatura à presidência do Belenenses
O atual presidente do emblema do Restelo concorre a um terceiro mandato e explicou a O JOGO porque pretende continuar
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Na presidência do Belenenses desde 2014, Patrick Morais de Carvalho candidata-se a um terceiro mandato. Nas eleições estão marcadas para sábado, o atual presidente encabeça a lista A e tem como adversários Carlos Canhoto Fernandes (lista B) e Luís Figueiredo (lista C).
Em entrevista a O JOGO, publicada esta quarta-feira na edição impressa, o líder dos azuis do Restelo explicou as razões da recandidatura: "Em primeiro lugar, avanço por um imperativo de consciência. Não podia ficar bem comigo próprio senão me apresentasse como solução. Fomos nós que iniciamos este caminho, que é quase como um refundação do clube", vincou o dirigente, lembrando que "a equipa sénior começou na III Divisão distrital e agora está na primeira" e que "as questões com a SAD estão longe de estar resolvidas".
O advogado, de 50 anos, diz que a sua recandidatura se prende em quatro vetores. O primeiro passa pelo regresso da equipa de futebol sénior às ligas profissionais. "É algo prioritário, para que isso aconteça temos de subir de divisão em divisão. Já estamos na I Divisão da AF Lisboa e para o ano podemos marcar presença no Campeonato de Portugal e na Taça de Portugal", realçou, adiantando que o clube pretende criar uma no Sociedade Desportiva em breve: "Pode ser amanhã, daqui a um mês ou um ano. Desde logo, terá de ficar em aberto que esta futura SAD ou SDUQ tem de ser detida maioritariamente pelo clube."
O segundo vetor do atual presidente e candidato da lista A está relacionado com a requalificação do Restelo e das Salésias, enquanto o terceiro passa pela ecletismo e o quarto passa por uma política cada vez mais próximas dos sócios.
"Último cartucho da SAD"
Há alguns anos que as relações entre o clube e a SAD, liderada pela Rui Pedro Soares, estão tensas. O ponto alto das divergências entre as duas entidades aconteceu no verão de 2018, quando a SAD deixou o Restelo e foi jogar para o Estádio Nacional, isto depois de o clube ter feito a denúncia do protocolo. "Aquela equipa já não estava no coração de nenhum belenense. Os jogos não tinham mais do que 100 pessoas a assistir e acabou por ser um favor que nos fizeram. Apesar de não esperarmos essa situação, porque queríamos negociar um novo protocolo. Uma coisa era 10 por cento na Sociedade, a outra era ter 51 por cento. A partir do momento em que isso foi negado, o protocolo tinha de ser diferente. Qualquer pessoa percebia isso", criticou Patrick Morais de Carvalho.
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O presidente do Belenenses diz que ainda que, a aquando da saída do Restelo, "a SAD atuou com a prepotência e sobranceria habitual e que pensou que os sócios iam todos a correr para o Jamor". "Só pensaram isso porque não conhecem a essência do Belenenses, porque nunca conheceram, nem quiseram conhecer. Estamos no distrital, mas temos milhares de pessoas nos nossos jogos. Já no Jamor estão 50 ou 100 pessoas que não sabemos quem são", acrescentou.
Para o dirigente, a Sociedade, ao qual chama de B-SAD, joga "o último cartucho nestas eleições através da lista C". "Se vencermos as eleições, acredito que vão deixar de utilizar o nome Belenenses e vão para Grândola, juntando-se uma outra associação de futebol", atirou.
As dívidas do Totonegócio
Patrick Morais de Carvalho tem sido acusado pelo homólogo da SAD, Rui Pedro Soares, de aproveitar receitas da Sociedade para pagar a dívida relativa ao Totonegócio. O presidente do emblema do Restelo explica por que razão retém esses valores. "Essas dívidas eram da SADs, mas os clubes é que ficaram como titulares da mesma. É verdade que foram cativas várias importâncias à SAD como também foram ao clube para alocar ao pagamento do Totonegócio. Agora, não aceito que a SAD diga que está a pagar dívidas do clube. Existia uma conta corrente enquanto o protocolo esteve em vigor, cujo saldo foi sempre favorável ao clube. Agora também digo que, a partir do momento em que se deixarem de chamar Belenenses e passarem a ser o Grândola, já não vai ficar cativa nenhuma importância à FPF", ressalvou.
Desilusão com a Liga
O presidente do Belenenses confessa-se desiludido com o facto de a Liga continuar a deixar que a SAD utilize o nome do clube. "Estava assegurado que o nome Belenenses SAD não ia constar, mas chegou à primeira jornada e ainda lá estava. Sei que isso só aconteceu por causa das eleições", lamentou.
Por outro lado, Patrick Morais de Carvalho congratula a Federação Portuguesa de Futebol "por ter começado a utilizar o termo B-SAD nas suas competições".