Painel aplaude discurso de Amorim: "Resultados estão a fazer o Sporting sonhar"
Painel consultado por O JOGO aplaude a postura de Amorim de não se atirar de cabeça a uma candidatura à I Liga. A moderação do técnico tem seguidores
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O Sporting segue confortável em primeiro da I Liga, à oitava jornada, mas o técnico Rúben Amorim continua a colocar um travão na euforia e a não assumir a candidatura ao título. Será o discurso mais adequado ao momento, conjugando as exibições, juventude, qualidade, equilíbrio do plantel e a sua perspetiva de crescimento?
O JOGO abordou um painel com personalidades da história do clube em várias áreas e conhecimento de causa, Simões de Almeida e Augusto Inácio, e ainda o especialista em comunicação e marketing e comentador televisivo afeto aos leões, Rodrigo Roquette, e os aplausos e aprovação do discurso do técnico são unânimes.
Com quatro pontos de avanço sobre o segundo classificado, o Sporting - como se viu no sábado contra o Moreirense, numa exibição mais pragmática - tem revelado ser uma equipa solvente, com estofo e estrelinha de campeão até quando não joga bem.
Rúben Amorim, porém, refreia os ânimos. "Falarei do título se, a dois minutos do final do último jogo, estivermos em primeiro. A equipa é inexperiente em alguns aspetos, temos de ter calma. Estamos a fazer o nosso caminho e não nos podem dizer que não temos ambição. Mas já olham para nós com a fasquia elevada", comentou o técnico após bater os minhotos, acrescentando que o calendário pode gerar um volte-face rapidamente e que convém não criar expetativas que, ao primeiro tropeção, desanimem: "Vi dores de crescimento, mas em certos momentos somos muito bons e não damos hipóteses. A seguir vamos jogar a um campo difícil [Famalicão] e depois temos a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Podem mudar a época por completo."
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O comentador televisivo Rodrigo Roquette vai até mais longe que o técnico: "Acho que é um discurso bastante realista e inteligente, a retirar pressão e carga a muitos jovens o que pode ser benéfico para o rendimento em campo. Gere as expetativas dos adeptos e a pressão no balneário. Não é obrigado a mudar o discurso, até ao último minuto do último jogo pode mantê-lo. E devem ser feitos retoques no plantel em janeiro, independentemente dos resultados. Certo é que estão a deixar os adeptos com um sorriso, a ver os jogos na ponta da cadeira e a fazer-nos sonhar".
Já Augusto Inácio, campeão como técnico em 1999/2000, lembrou que no arranque da temporada "ninguém dava nada pelo Sporting", e mostrou-se satisfeito com a moderação de Amorim: "Não se pode colocar tanta pressão em cima dos miúdos que, porém, sabem que jogar no Sporting implica lutar por objetivos altos. Para se construir algo importante é preciso tempo e fez bem em não assumir o que quer que seja. Acho bem que seja cauteloso. Interiormente pensam que têm capacidade para chegar ao título, mas não o dizem. No momento em que venha uma derrota é que se vai entender de que tipo de massa é feita esta gente".
Inácio fez ainda um paralelismo com o saudoso título que conquistou para falar da necessidade de reforços em janeiro: "O Sporting precisa de se reforçar com jogadores experientes para ter mais equilíbrio. Há reajustes que têm de ser feitos. Em 2000 não tínhamos sido campeões se não tivéssemos ido buscar o André Cruz, o César Prates e o Mpenza em janeiro."
O ex-dirigente Simões de Almeida considera "prudente" o discurso, aprovando a estratégia de "tirar a pressão aos miúdos que não podem pensar já que vão ser campeões". Mas acha que com o tempo, a candidatura deve ser assumida: "Com reforços e mais equilíbrio e experiência, o discurso pode mudar para um mais realista e otimista."