"Adeptos vão dizer 'não temos Porro mas temos Bellerín'. É perfeito para o Sporting"
O reforço dos leões tem o desafio de ajudar a esquecer o compatriota. Quem o conhece bem garante que será um "ídolo". Jogador precisa de se sentir apoiado e confiante, como aconteceu no Arsenal e no Bétis. No Barcelona, contam a O JOGO dois jornalistas espanhóis, faltou-lhe isso e, também, a paciência de Xavi.
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A saída de Pedro Porro para o Tottenham causou apreensão junto dos adeptos leoninos mas a chegada do também internacional espanhol Héctor Bellerín pode fazer esquecer, ou pelo menos atenuar, a perda de um dos jogadores mais importantes para Rúben Amorim.
Cedido pelo Barcelona aos leões, o lateral que foi visto como um ídolo no Arsenal e no Bétis, apresenta-se em Alvalade de peito cheio e, quem acompanhou de perto, vê no reforço leonino uma aposta certeira do Sporting.
"Bellerín vai triunfar no Sporting, sem nenhuma dúvida. Amorim é inteligente e vai aplicar muita psicologia a Bellerín, dar-lhe confiança. Se ele sentir carinho é muito valioso: pode alcançar o nível que conseguiu no Arsenal. Tornou-se num ídolo porque trabalha muito, é boa pessoa e também tem aquele estilo de vestir e de estar, que faz com que todos gostem dele. É um jogador com carisma", diz a O JOGO o jornalista espanhol do diário "AS", Manu Sainz.
E acrescenta: "Porro é um grande jogador mas não se vai notar tanto a sua partida com a chegada de Bellerín. Os adeptos vão dizer "não temos Porro mas temos Bellerín e estamos bem". Nesta escala, é o jogador perfeito para o Sporting".
Já Moisés Llorens, jornalista da ESPN em Barcelona, enaltece a escolha leonina. "[O Sporting] é um clube de formação, que viu ser preciso um jogador mais experiente e atacou Bellerín. Ele vai ajudar muito os jovens da equipa, será um exemplo para todos. Acertaram em cheio, contratando um jogador barato e que poderá dar rendimento alto. A liga portuguesa vai ajudá-lo a reencontrar-se com o seu melhor futebol", vinca a O JOGO.
Manu Sainz afiança que "Bellerín é diferente de Porro" mas isso não é mau. "Porro era mais ofensivo, de mais qualidade no ataque; mas Bellerín, que também vai bem no plano ofensivo, defensivamente é forte, talvez mais forte do que Porro. Por outro lado, Bellerín tem menos capacidade de golo do que Porro, joga mais por fora e Porro mais por dentro; ou seja, pode abrir mais espaços no campo. É um reforço muito bom", diz o jornalista.
Defesa precisa sentir "ambiente favorável"
No Barcelona, clube onde até passou pela formação, Bellerín fez sete jogos e 498". "É um jogador que precisa de estar num ambiente muito favorável, como foi no Bétis, onde esteve num nível extraordinário. E no Arsenal, onde era um ídolo e se sentia em casa. Tem um estilo muito peculiar, é um "influencer" de nível mundial pelo seu "look vintage". A "afición" do Bétis gostou disso, ele sentiu-se muito querido e soltou um futebol espetacular. Com isto quero dizer que ele precisa sentir-se muito apoiado. Já no Barcelona tudo foi diferente: encontrou um clube que tinha de ganhar e que não lhe deu tempo para adaptar-se. Faltou tempo e confiança", analisa Manu Sainz, lembrando que no mercado "a primeira opção de Xavi era Azpilicueta".
Já Moisés Llorens, evoca o contexto: "Foi uma transferência de última hora e nunca convenceu Xavi por completo. Quando teve oportunidade para jogar, lesionou-se e perdeu aí toda a possibilidade de se tornar importante, de ter minutos. No Barcelona só falhou porque não teve continuidade."
No Barcelona era o mais mal pago
Já é conhecida a posição de Bellerín quanto ao excessivo salário que auferem alguns jogadores de futebol, ele que aceitou ir para o Barcelona, numa altura em que o clube atravessa dificuldades financeiras. Moisés Llorens, da ESPN em Barcelona, conta que o lateral deu um exemplo prático do que apregoa. "Uma coisa que o honra muito foi o facto de ter, quando foi para o Barça, tornado no mais mal pago de toda a equipa principal. No Arsenal recebia muitos mais milhões mas, como se quis afirmar no Barcelona, adaptou-se às circunstâncias do clube. E se aceitou o Sporting é porque vê lá um grande treinador e a possibilidade de fazer coisas importantes", contou o jornalista.