Onde estava o plantel do Famalicão há 25 anos? As revelações na primeira pessoa
Foi a 2 de junho de 1994 que o Famalicão fez o último jogo na I Liga. Os minhotos já têm a subida assegurada à primeira e O JOGO quis saber onde é que o atual plantel andava há 25 anos. Metade dos jogadores nem eram nascidos...
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Onde estavas no 25 de Abril?" Esta era a pergunta que o jornalista Baptista Bastos fazia sempre na série de entrevistas Conversas Secretas. Não foi isso que O JOGO quis saber junto do plantel em festa do Famalicão, mas a pergunta foi idêntica. Os famalicenses despediram-se da I Liga a 2 de junho de 1994, ou seja, há sensivelmente 25 anos
Central Luís Rocha dava os primeiros pontapés na bola no V. Guimarães
Luís Rocha, 32 anos: "Estava nas camadas jovens do Vitória de Guimarães e com o sonho de qualquer criança: ser jogador de futebol profissional. A verdade é que não foi uma caminhada nada fácil porque depois de anos da formação do Vitória andei em escalões como III divisão, II divisão B e aos 27 anos consigo o meu primeiro contrato profissional no Covilhã. Depois de três épocas na II Liga, chego à primeira com 30 anos"
Treinador Carlos Pinto tinha 21 anos e estava no segundo ano de sénior do Paços de Ferreira
Carlos Pinto, treinador: "Há 25 anos jogava na I Liga (na altura designada por primeira divisão) no Paços de Ferreira e, tal como todos os jovens daquele tempo, ambicionava e sonhava construir uma carreira bonita no mundo do futebol. Os tempos eram outros, não era com relativa facilidade que se integrava os plantéis seniores, mas esse sonho esteve sempre presente, acabando mesmo por se concretizar".
Fabrício estava numa escolinha de futebol quando o Famalicão desceu
Fabrício, 34 anos: "Fiz minha formação toda numa escolinha da minha cidade chamada EFJC escolinha de futebol do João Carlos . Até completar os meus 18 anos fiz vários testes em clubes do Brasil . E não era avançado. Comecei a lateral-direito e passado alguns anos fui para médio e vi que também não era ali minha posição . Então, o meu treinador colocou-me a avançado e por lá fiquei.. Fiz meu primeiro contrato profissional aos 18 anos no Estrela de Cachoeiro onde fomos campeões e fui o melhor marcador, depois disso joguei em alguns clubes da minha cidade e quando tinha 22 anos vim para Portugal onde joguei em vários clubes como Câmara de Lobos, Machico, Benfica de Castelo Branco, Operário, União de Leiria, Estoril Praia e Covilhã. Depois, fui para Angola onde fiquei quatro anos, estive no Chipre e regressei a Portugal para jogar no Famalicão", conta o dianteiro que com 15 golos é, a par de Pires, o melhor marcador da II Liga.
Capela subiu no Famalicão, mas há 25 anos andava nos torneios inter-freguesias
Capela, 33 anos: "Há 25 anos, tinha eu oito anos, e já era um apaixonado por futebol. Jogava em Arouca em alguns torneios que faziam no Verão e com os amigos na escola. Seguiu-se a formação e subida a sénior pelo Arouca onde consegui duas subidas. Depois joguei dois anos no Milheiroense e só aos 26 anos cheguei ao futebol profissional. Com apenas 8 anos, apesar de sonhar ser um dia jogador profissional, nunca imaginava o que seria ter a responsabilidade de alimentar em campo o sonho de milhares de adeptos. Hoje passados 25 anos sinto-me muito feliz e orgulhoso por ter contribuido para a subida do Famalicão à I Liga, privilegiado por sentir a grandeza deste clube e adeptos e muito feliz por ficar para sempre ligado a esta conquista que sera eternamente impactante".
Rui Alves: o diretor do Famalicão atraiçoado pelas lesões já via jogos na I Liga
Onde estava o plantel do Famalicão a 2 de junho de 1994, dia que marcou o adeus do clube à I Liga? Muitos nem eram nascidos, mas outros lembram-se desses tempos. Rui Alves, diretor de campo dos minhotos, ainda hoje podia estar a jogar futebol, mas as lesões atraiçoaram-no. Ficou a paixão ao clube e as memórias de outros tempos de primeira que estão prestes a voltar.
"Cheguei às camadas jovens do Famalicão com 8 anos com o sonho comum a todos nesta idade: ser jogador de futebol profissional. Completo a formação no Famalicão onde consigo chegar à equipa principal em 2004. Faço oito épocas como sénior no Famalicão, onde vivo momentos de grande alegria com subidas de divisão e vivo um dos momentos mais complicados na história do clube com a descida aos distritais na época de 2007/2008.
Na época seguinte, senti o reerguer da dimensão histórica que o Famalicão e Vila Nova de Famalicão têm e graças à paixão de muita gente e conseguimos voltar aos Nacionais. Saio em 2011 com uma subida ao Campeonato de Portugal. Depois de várias intervenções cirúrgicas ao joelho, deixo o futebol com 30 anos e posteriormente volto ao Famalicão noutras funções que me permitiram viver junto de grandes homens um dos dias mais felizes das minha vida com a promoção à I Liga. Quando era miúdo, lembro-me bem do clube estar na I Liga. Não faltava a um jogo".
Ricardo: o central que se lembra do estádio do Famalicão à pinha
Ricardo, 38 anos: "Há 25 anos, tinha eu 13 anos, jogava nos iniciados do Famalicão. Creio que na altura talvez nem sonhasse em ser jogador de futebol, o que queria sim era jogar futebol. Nada me fazia mais feliz do que a bola. Não me recordo muito bem como era o futebol profissional na altura... A imagem que me vem mais à memória era a de ver o estádio cheio, pessoal em pé no peão (atrás das balizas) num ambiente de grande festa. Uma certeza eu tenho, daqui em diante será memorável o caminho do Famalicão. Ainda passei pelo clube no ano de 2000/2001 onde realizei o meu primeiro contrato profissional, numa época que infelizmente não correu da melhor forma. Nesse mesmo ano acontece o melhor que a vida me podia dar, nasce o meu filho Miguel que atualmente joga nos sub-19 do Famalicão. A minha vida e a minha carreira estão muito relacionadas com Vila Nova de Famalicão e com o FC Famalicão".
Chico: o team-manager que há 25 anos jogava no FC Porto
Chico, 37 anos: "Há 25 anos estava eu nos Sub-13 do FC Porto e lembro-me que sempre que tinha um domingo livre aproveitava para ir ao estádio ver o "Vila Nova". Ia com o meu pai e com o meu falecido avô. Cheguei a fazer parte da claque e no livro dos 85 anos do clube o autor, Jorge Reis Sá, apelidou-me de 'menino da claque'"