Jaime Pacheco, campeão de Viena, mostrou-se encantado pela forma como Sérgio Conceição "recuperou a mística" do FC Porto, que passa das referências aos jovens talentosos.
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Duzentos e três jogos de azul e branco deixam Jaime Pacheco à vontade para falar sobre o FC Porto, da identidade entretanto reencontrada, à qualidade individual do elenco. À margem do 35.º aniversário da conquista de Viena, o antigo médio fez uma análise profunda à equipa e deixou Sérgio Conceição carregado de mérito.
"O FC Porto recuperou a mística nos últimos anos e tudo se deve ao Sérgio. Era um jogador que encaixava muito bem neste espírito [equipa de Viena]. Não foi acaso que eu disse, em tom de brincadeira mas a sério, quando ele foi contratado, que "depois de mim é ele". Encarna muito bem o espírito e a mística do clube. Basta olhar para jogadores como o Pepe e o Otávio - os miúdos já bebem daquilo que eles fazem, a tal mística", vincou o antigo médio, para quem o capitão é a "referência e um orgulho".
"Quase 40 anos e joga àquele nível. No aquecimento parece um miúdo", completou Pacheco, também rendido aos "miúdos que jogam muito e demais". Ao detalhar a análise, o treinador identificou-se com alguns traços. "O Fábio Vieira estaria um pouco acima do que eu fazia. Pode ser um 10 puro ou jogar nas alas, mas é um miúdo que, quando tiver 70 anos, vai jogar sempre bem. Precisa é de fortalecer um pouco o físico. É bom que não pense que só jogar bem chega. O Vitinha é daqueles miúdos como eu era. É o dono e o senhor da bola. Antes de ir para a sala, para o corredor ou para a cozinha, a bola tem de passar por ele. Encanta-me, porque joga com prazer", aprofundou Jaime Pacheco, que também viu João Mário "muito bem adaptado a lateral-direito, porque tem uma dinâmica muito forte", e ainda abordou o caso de Francisco Conceição: "Se calhar, não lhe fazia mal jogar uma época noutro clube, porque a intenção é ajudar mais o pai do que a ele próprio. Quer fazer tudo depressa e bem, e às vezes atrapalha-se um bocadinho. Mas é rápido, joga na direita ou esquerda, também tem muito para crescer."
A radiografia de Jaime Pacheco ao campeão nacional passou ainda por Uribe - "um pêndulo muito grande, a equipa ressente-se quando ele não joga" - e pela evolução de Taremi: "O Sérgio lapidou-o muito bem. Agora faz de 10, joga no meio, na esquerda e joga sempre bem. Já o vejo a defender, no Rio Ave era impensável."
O ADN do Olival está muito presente, mas Pacheco lembra que "parte dos que ganharam a Taça dos Campeões Europeus foram da formação em condições muito difíceis". A qualidade será sempre essencial, mas ser da casa também. "Em momentos mais difíceis, são esses que aguentam o barco. Sabem que têm que levar com o vizinho, com o primo e com a família. As equipas que têm na sua base jogadores da formação têm propensão para ganhar mais vezes", defendeu.