Evanilson "ainda pode render mais" e "tem tudo para chegar à seleção brasileira"
Campeão europeu pelos dragões em 1987, Juary não se surpreende com os 21 golos de Evanilson e acredita que poderá chegar à seleção canarinha. Atento ao desenvolvimento dos brasileiros do ex-clube, o antigo avançado considera que a primeira época foi de aprendizagem para Pepê, "um jogador extraordinário", que dará muitas alegrias aos adeptos.
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A subida de Evanilson no elevador de goleadores do FC Porto ainda está no começo. Mesmo depois de ter feito 21 golos numa temporada, mais do que Juary (19) conseguiu em duas e um terço pelos dragões, o vencedor da Taça dos Clubes Campeões Europeu de 1987 considera que o compatriota tem um potencial enorme e que isso lhe permitirá melhorar o rendimento no futuro.
"O Evanilson é um jogador que tive a oportunidade de ver jogar no Fluminense e acredito que ainda pode render mais do que rendeu esta época. Tem possibilidades para isso", sustenta o antigo atacante, também conhecido entre os adeptos portistas como "Rato Atómico", pela velocidade com que conduzia ou atacava a bola.
Juary esteve em Portugal a propósito da comemoração dos 35 anos da conquista de Viena, que se assinalaram na sexta-feira (27 de maio), e diz mesmo que o 30 dos azuis e brancos "tem tudo para fazer história no FC Porto". "Acredito que nos possa dar mais do que já deu", insiste, numa alusão aos golos, mas também aos títulos, uma vez que só esta temporada foram dois: o campeonato e a Taça de Portugal.
Face ao crescimento revelado entre 2020/21, em que apenas fez quatro golos, e 2021/22, em que quase quintuplicou esse número, muitos brasileiros têm recorrido às redes sociais para reclamar uma oportunidade para Evanilson na seleção do Brasil sempre que é anunciada uma convocatória e não encontram o seu nome.
Como O JOGO já deu conta, o atacante tem sido alvo de avaliações por parte de Tite, principalmente nos jogos de maior relevo, como os clássicos com Benfica e Sporting e os encontros das competições europeias. O selecionador ainda não lhe deu a oportunidade de se estrear pela equipa principal canarinha - na de Sub-23 participou em dois jogos -, mas Juary está convencido que o compatriota "tem tudo para chegar lá".
"Um avançado como o Evanilson faz falta no futebol brasileiro", defende o sexagenário, que em 2021 trocou a equipa de Sub-13 do Santos por um projeto social de futebol de formação chamado "Juary: Eterno Menino da Vila", em Presidente Prudente, no Interior de São Paulo.
"Têm vindo avançados para a Europa como o Rodrygo, o Vinícius Júnior [ambos no Real Madrid] e o Evanilson todos com uma boa sequência. No futuro, o Eva tem tudo para chegar à seleção brasileira", perspetiva o autor de um golos com que o FC Porto derrotou o Bayern Munique, em 1987, em Viena.
Mas não é o único. Mesmo à distância, Juary vai acompanhando o FC Porto quando pode e entende que "Pepê também" pode aspirar a vestir a camisola amarela e verde do Brasil. O extremo, contratado ao Grémio de Porto Alegre no último defeso, a troco de 15 milhões de euros, precisou de seis meses para se adaptar ao futebol europeu, mas o que mostrou a partir daí faz o "Rato Atómico" colocar-lhe o rótulo de "craque". "É um jogador extraordinário", acrescenta.
"Esta época foi de aprendizagem para ele e em que cresceu muito. Tenho a certeza de que na próxima renderá muito mais", antecipa Juary, nada surpreendido com o facto de o 11 azul e branco ter mostrado qualidades até para desempenhar as funções de lateral-direito. "Atualmente, quem joga no FC Porto não tem que escolher posições. Tem que querer jogar e estar dentro. Sabemos que ele fez um bom campeonato pelo Grémio, é um jogador inteligentíssimo e ainda pode dar muitas alegrias aos adeptos", remata Juary.
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Juary e o melhor momento da carreira
Há "quase 11 anos" sem ver os companheiros com quem venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987, Juary passou os últimos dias em Portugal e recordou "um momento inesquecível". Afinal, foi dele um dos golos na final de Viena. "Não fui eu que entrei para a história do FC Porto; nós entrámos para a história", sublinhou.
"Foi o melhor momento da minha carreira, porque eu vinha de um período difícil em Itália, no Inter Milão. Praticamente ninguém acreditava que eu voltasse a jogar futebol de alto nível. Vencer a Taça dos Campeões foi a coroação de um trabalho que estava ser feito há alguns anos."