O primeiro ponto somado na Liga Europa pode parecer pouco para o rendimento da equipa vitoriana, mas esconde outros dados importantes, sobretudo ao nível da confiança dos jogadores.
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O empate alcançado pelo Vitória frente ao Arsenal não só manteve acesa a chama do apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa, como pode ter tido um papel determinante para o resto da época e também no que diz respeito à valorização dos jogadores.
Equipa minhota pode capitalizar o que fez de bom perante o gigante Arsenal
A ideia é defendida por Quim Berto, Jorge Duarte e pelo empresário Nuno Correia, que olharam para o resultado e a exibição do Vitória frente aos gunners em perspetivas diferentes (ver respostas abaixo).
Além do primeiro ponto conquistado no Grupo F, a exibição e a postura da equipa de Ivo Vieira foram muito valorizadas. De resto, o conjunto minhoto manteve anteontem aquilo que tem sido norma na fase de grupos da Liga Europa, ou seja, chegou ao fim com mais remates do que o adversário: 15 contra 7 (em Londres o Vitória fez 17 disparos contra 16, em casa com o Eintracht houve 13 remates contra seis dos alemães e frente ao Standard Liège o jogo terminou com 17 contra 5).
O Vitória chegou ao fim do jogo com mais remates do que o Arsenal: 15 contra 7. Nos outros três duelos também rematou mais do que os rivais
"O Vitória está a ter atualmente um papel de preponderância que não tinha há muito tempo no futebol português. Tirando o jogo em Liège, que para mim foi o menos conseguido, nos outros duelos europeus o Vitória deixou uma grande imagem com o futebol que apresentou", analisou Quim Berto, treinador de futebol e ex-jogador. Psicologicamente, no entender de Jorge Duarte, atleta que passou pelos quadros do clube minhoto, a postura e o comportamento da equipa frente aos londrinos vai trazer reflexos para o panorama interno.
A valorização dos jogadores também saiu beneficiada depois do empate com a equipa de Unai Emery. Desde muito cedo que Ivo Vieira passou a mensagem de que a Liga Europa era uma montra e isso parece que foi encarado à risca pelos jogadores. Nos dois confrontos com o Arsenal houve muitos atletas em destaque e a aproximação do mercado de inverno pode ajudar a confirmar esta questão. Davidson, por exemplo, foi um dos jogadores mais elogiados pela Imprensa britânica, também ela convencida com a qualidade do futebol vitoriano. Bem vistas as coisas, desde 2015 que uma equipa portuguesa não conseguia somar pontos em casa perante clubes de topo da Premier League.
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CONSEQUÊNCIAS
- O que é que o empate e a exibição com o Arsenal pode trazer ao Vitória para o resto da temporada?
Quim Berto: "O Vitória devia pensar no terceiro ou quarto lugares"
"Perante um colosso como o Arsenal, o Vitória deixou uma imagem muito boa e provou que com um bocadinho de sorte podia alcançar algo mais. O Vitória está um patamar acima de todas as outras equipas em Portugal em termos de futebol praticado. Mérito dos jogadores e do Ivo Vieira. Acho mesmo que nesta época devia pensar mais alto do que o quinto lugar, devia apontar ao terceiro ou quarto lugares...".
- Qual o significado que tem para um jogador o comportamento da equipa frente ao Arsenal?
Jorge Duarte: "Vai originar resultados positivos"
"A equipa esteve coesa perante um adversário de outro nível, com um orçamento incomparavelmente maior, e isso validou o caminho que está a ser seguido. Claro que uma exibição destas tem peso na cabeça dos jogadores, porque transmite muita confiança; é preciso dar continuidade, mas acredito que este desempenho vai originar resultados positivos. Antes de um dérbi, é sempre importante ganhar."
- Qual é o peso de um jogo internacional na valorização dos atletas do Vitória?
Nuno Correia: "Pode ser o chamariz para outras análises"
"Hoje em dia, o mercado é global e, com todas as ferramentas disponíveis, já se sabe tudo em relação aos jogadores. Mas claro que jogar contra o Arsenal não é a mesma coisa que defrontar o Moreirense. Um jogo como o do Arsenal pode ser o primeiro foco de atenção, o chamariz para análises mais detalhadas. Por um exemplo, se calhar um empresário inglês olhou para o jogo do Vitória com o Arsenal com outros olhos."