Adjunto de Conceição recordou a chegada ao Dragão e que os amigos lhe diziam que eram "instáveis". À partida para a sexta época promete manter o amor ao clube
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Trabalho em permanência e crença nas ideias. É desta forma que Siramana Dembelé, adjunto de Sérgio Conceição há mais de dez anos, resume o segredo para o sucesso do treinador que conquistou oito troféus em cinco temporadas no Dragão.
Conceição foi definido como um treinador de trabalho constante e que quer ganhar tudo. Como homem é ponderado e um estratega que gosta de passar a imagem de pessoa impulsiva.
"Muitos julgam o estado de espírito de uma pessoa em função dos resultados, mas o Sérgio é mais do que isso. É sobretudo o trabalho em permanência, baseado no princípio de que, se trabalhas dessa forma, vais acabar por colher os frutos que semeaste. Às vezes não ganhas e podia ser complicado, podias concluir que as coisas não estão a resultar e colocar tudo em causa, mas ele acredita nas ideias e no trabalho e chega aos resultados", explicou Demebelé numa longa entrevista, feita através do Instagram, ao jornalista Farid Rouas em que fez questão de separar o treinador do homem.
"O primeiro quer ganhar tudo e tudo o que faz é com esse objetivo. E, por vezes, manifesta essa vontade de forma muito clara, muito visível em tudo o que faz. Isso é o jogador/treinador em campo. O homem é muito diferente. É ponderado, um estratega. Onde muitas pessoas julgam ver uma pessoa impulsiva, é o contrário. É alguém que sabe exatamente o que faz, tenta não perder o controlo. Quando as pessoas pensam que ele perde o controlo, é precisamente isso que ele quer", revelou.
Ainda a propósito da imagem que Sérgio Conceição passa para o exterior, Dembelé contra-atacou com os resultados. "Nem sempre é fácil de compreender, para quem está de fora, mas nós, eu que tenho a sorte de trabalhar com ele e outras pessoas da nossa equipa técnica, sabemos que é alguém que pensa muito nas coisas. E o tempo tende a dar-lhe razão, aprendemos imenso com ele. Há que dar o benefício da dúvida às pessoas ao nosso redor, não pensar que são malucas, esperar, antes de julgar", atirou antes de se justificar "O que ouvia dos meus amigos é que o treinador era muito irascível, que éramos instáveis, que íamos ficar um ano no clube. Estamos há seis anos no FC Porto e vamos continuar a encarar os desafios com orgulho, amor ao clube e, sobretudo, amor ao futebol, que nos deu tanto, que nos deu tudo", frisou.
"O que ouvia dos meus amigos é que o treinador era muito irascível, que éramos instáveis, que íamos ficar um ano no clube"
Dembelé recordou ainda a "inesperada" chegada ao Dragão, no verão de 2017. "Quando fomos convidados para ir para o FC Porto estávamos no Nantes, não o esperávamos. Tínhamos acabado de renovar o contrato, um supercontrato que refletia os resultados que tínhamos conseguido. Mas hoje sei que foi a melhor decisão que tomámos", considerou.
Questionado sobre o que o FC Porto pode fazer na próxima edição da Liga dos Campeões, o adjunto de Sérgio Conceição apoiou-se nos orçamentos dos clubes para dar uma resposta cautelosa.
"A prioridade é o título nacional. Desde logo porque é aquilo que nos garante um lugar na Champions e com os orçamentos que existem em Portugal isso é muito importante. Ganhar a Liga dos Campeões não é um objetivo realista para um clube português. Pode ser a conclusão feliz de um caminho que foi longo, mas o objetivo na Champions é passar a fase de grupos. Depois é um contra um e tudo pode acontecer. Dizer que é um objetivo seria irrealista. Portugal não consegue segurar os seus melhores jogadores e logo aí se vê a diferença que há para os maiores clubes europeus", atirou.
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