Treinador do FC Porto fez a antevisão ao jogo frente ao Casa Pia, da ronda 12 do campeonato e agendado para as 20h45 de segunda-feira, no Dragão
Corpo do artigo
Qual a importância dos adeptos neste regresso a casa? Casa Pia só perdeu uma vez nos últimos 10 jogos: "Os adeptos são sempre importantes e nós queremos muito sentir aquilo que é o carinho, que é o conforto que eles possam dar à equipa. Que entrem num sentimento de plena comunhão com os jogadores, que eles se sintam acarinhados. Muito metidos no início até ao final do jogo, eles são muito exigentes, mas são muito importantes para nós e temos sentido esse apoio e é importante para os jogadores voltar casa, sobretudo depois de um ciclo menos positivo. Em relação ao Casa Pia, nos últimos 10 jogos apenas uma derrota em Alvalade. Tem uma estrutura que, parece-me, não vai fugir muito daquilo que tem feito recentemente. Em Alvalade, é verdade, teve uma estrutura ligeiramente diferente, mas eventualmente pela popularidade do adversário. A partida tem sido sempre com uma estrutura de cinco, muito bem montada, muito bem organizada. É uma equipa também forte fisicamente, forte na bola parada e forte também no momento com a bola, porque gosta de jogar. Agora teremos que levar o jogo para onde queremos. Impor aquilo que somos nós enquanto equipa e andar de mãos dadas, abraçados com o estado e a efervescência. Agarrar a equipa, embalá-la para no final estarmos com mais 3 pontos".
Pepê vinha bastante abalado quando voltou de Bruxelas. Vê nisso uma fragilidade ou um sinal de compromisso? "Acho que não tem a ver com a fragilidade da equipa. Tem a ver, se calhar, com o momento individual do jogador. O Pepê sempre foi alguém muito particular nesse âmbito e é alguém que tem feito um esforço grande. Tive uma conversa com ele durante estes dias, falei muito com ele e ele próprio reconhece que tem que dar passos em frente nesse momento mais anímico dele, quando erra. Como eu digo sempre, ninguém é infalível. Toda a gente está sujeito ao erro. O importante é a forma como nós reagimos perante o erro e perante a adversidade e isso será sempre um mecanismo que, se nós soubermos lidar com ele, pode gerar sucesso no futuro. Foi aquilo que falei muito com o Pepê. Porque ele é muito importante para a equipa. E não é reflexo da equipa, é reflexo daquilo que é ele. A chegada, a saída em Moreira, eu acho que é um sentimento de querer muito. Temos tido erros individuais que estamos a querer estancar. Para mim, os sinais que eles me dão em treino são um pilar fortíssimo daquilo que têm que ser as minhas convicções. Eles têm estado, realmente, com uma energia fortíssima para dar a volta ao momento e é nisso que eu tenho que agarrar. Têm dado esses sinais e, se eu sentisse o contrário, também diria sem reserva. A equipa é muito comprometida. Vimos um ciclo menos bom e quero uma equipa muito metida, muito energizada, muito vinculada com aquilo que é o pensamento que tem de ser guiar para a vitória e ganhar, ganhar, ganhar. E que os adeptos também consigam abraçar a equipa. São ciclos que as equipas passam. Tocou-nos a nós agora. Há várias equipas pela Europa fora que têm passado por esses problemas. E nós aguentamos muito. Como já fizemos ciclos muito fortes, aqui, a nível interno".
Não pode contar com Alan Varela amanhã. Fábio Vieira e Vasco Sousa são alternativas? “Estão na convocatória, Mora também, temos vários que podem fazer essa posição. Depois é olhar para o lado estratégico do jogo, perceber como é que o adversário se vai plantar em campo, como é que o vamos condicionar num momento mais alto. Se vamos funcionar com um meio-campo a três, como funcionámos agora na Bélgica, ou se com o Fábio ou com o Mora, se calhar, num perfil diferente. Com o Namaso também pode ser um 4-4-2 com dois avançados na frente. Não vou abrir muito o jogo. O Vasco é uma solução, o Fábio é uma solução para jogar para dentro, o Namaso também. Temos várias alternativas. Todos eles me dão garantias. O perfil do jogo vai ser diferente, em função do perfil individual de quem jogar ali naquele espaço".
Iván Jaime deixou de contar? “Está na lista de convocados para amanhã”.
Sporting perdeu e o FC Porto só depende de si, é responsabilidade acrescida? "Não vou falar do Sporting por ter perdido ontem. Temos de olhar para dentro, queremos inverter esta tendência mais recente. Olhamos muito para dentro."
Não acredita que o Casa Pia apareça numa linha de seis? "Tentamos antecipar o que podemos refazer em termos posicionais se vierem a seis, porque sabemos que isso já aconteceu. É essa é a nossa função e a nossa missão. É antecipar os cenários que podemos encontrar. Estou convencido que será uma linha de cinco, até porque pelo momento do FC Porto podem pensar que podem ferir de alguma maneira e causar algum dano. Veremos se é a cinco, se é a seis. Trabalhámos isso, falámos sobre isso com os jogadores e eles estão conscientes daquilo que podem encontrar e como é que têm de atuar durante esse cenário."
Têm sido só erros individuais a fazer a diferença neste FC Porto? Ou há coisas que a equipa não está a conseguir assimilar? "Não podemos nunca dissociar um momento com a bola de um momento sem bola. E perceber que, se fizermos um olhar retrospetivo para aquilo que foi o início da época, nós jogávamos muitas vezes com o Namaso, que era quase um quarto elemento do meio-campo e, se calhar, estávamos mais protegidos quando perdíamos a bola. Agora estamos a jogar de maneira diferente, o Samu tem um perfil diferente, pede outras coisas à equipa, pede para ser alimentado de outra forma. E isso obriga-nos a algo... Não é tempo. Eu sei que o tempo não existe, as pessoas também estão fartas, das dores de crescimento, eu sei disso tudo. Não podemos escamotear aquilo que é a realidade. Uma equipa que é nova e que é feita praticamente, tem muitos elementos novos, obriga a criar uma série de procedimentos que não nos permitem ignorar determinados momentos do jogo. Tudo aquilo que é feito com a bola requer da nossa parte algum cuidado. E se nós olharmos para estes dois últimos jogos, por exemplo, percebemos que temos os adversários criaram muito pouco contra nós. Em Moreira de Cónegos fazem um golo no lance de cruzamento, a equipa está bem posicionada, depois fazem um golo de um penálti quase caído do céu. Agora na Bélgica, fazem golos também por alguns erros individuais. Tiveram um lance em que podem fazer golo na segunda parte num cruzamento em que não acompanhamos uma infiltração de segunda linha. Esse é o único lance. Estamos a falar de dois jogos. E isso permite-me perceber que os jogadores estão a querer fazer as coisas bem feitas. Agora, se vamos ser implacáveis naquilo que é o erro e condenar e ficar refém daquilo que vai acontecendo, não, porque eu não sou assim. Sou muito otimista, gosto de olhar para a equipa no sentido de perceber aquilo que ela me vai dando, dos sinais que me vai transmitindo também em treino. Tudo aquilo que eu tenho recebido tem sido muito bom da parte dos jogadores, a aceitação, o investimento diário que temos que ter perante aquilo que é o nosso modelo de jogo, aquilo que queremos criar aqui. Agora, não é de um dia para o outro, requer algum tempo. O tempo aqui não existe, eu digo sempre isto. Amanhã vamos ter que olhar para o jogo com alguma, não é cautela, mas vamos perceber quais são os perigos que o adversário nos oferece, que é um adversário perigoso, mas querendo ir muito para aquilo que é nosso, tendo cuidado com as transições e bolas paradas, mas olhar muito para aquilo que é o contexto geral do jogo. Tudo o que é organização defensiva, a mim, sinceramente, nesta fase, não me preocupa assim tanto, porque eu sinto a equipa capaz."