O penta numa viagem com 25 anos: "Estreei-me no dia em que soubemos de Rui Filipe..."
Faz esta quinta-feira 25 anos que o FC Porto festejou o primeiro de cinco títulos seguidos. Rui Barros conta-nos como foi, época a época.
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O FC Porto festejou a 7 de maio de 1995 o primeiro dos cinco títulos consecutivos de campeão nacional. Faz esta quinta-feira precisamente 25 anos desde esse momento que assinalou o arranque para um recorde inédito na história do futebol português.
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Nos principais campeonatos também não são propriamente muitos registos do género. A caminhada começou em 1994, sob o comando técnico de Bobby Robson, treinador que tinha sido despedido do Sporting, continuou com António Oliveira, que começou por conseguir o inédito tricampeonato na história do FC Porto, e a série acabou em 1999 com Fernando Santos a ser coroado como o Engenheiro do Penta.
Rui Barros foi um dos seis jogadores que participaram em todos os campeonatos (Aloísio, Drulovic, Paulinho Santos, Jorge Costa e Folha foram os outros). Na estrutura portista é o atual comandante da equipa B, que ontem regressou ao trabalho. O JOGO convidou-o a revisitar o passado e a viajar por cada um dos cinco títulos do pentacampeonato. "A época de 1994/95 foi muito importante para mim, porque tinha vindo do estrangeiro e o FC Porto não tinha ganho o campeonato no ano anterior. Para mim, chegar e vencer foi um prazer enorme. Curiosamente, tinha saído como campeão. Foi um campeonato dedicado ao Rui Filipe. Curiosamente, eu e ele não chegámos a jogar juntos", lembra o antigo avançado, que ficou de fora nos dois primeiros jogos oficiais da época. A estreia aconteceu apenas a 28 de agosto de 1994, dia em que o antigo médio faleceu vítima de um acidente de viação: "Estreei-me em Aveiro e até marquei o primeiro golo ao Beira-Mar, no dia em que soubemos a notícia muito triste de uma pessoa que nos dizia muito", lamentou o antigo avançado.
"Estreei-me no dia em que soubemos de Rui Filipe... Não chegámos a jogar juntos"
Na época seguinte, nova conquista e novo azar a bater à porta dos portistas. Desta vez era Bobby Robson que tinha de se afastar do banco para viajar para Inglaterra, devido um problema oncológico, ficando a equipa entregue aos seus adjuntos, Augusto Inácio e José Mourinho. "Bobby Robson era um bom homem, por quem tínhamos muito respeito, e sai por causa de uma doença gravíssima. Mesmo assim, ele mandava sempre notícias pelo Mourinho. Apesar das dificuldades que estava a passar, estava sempre a incentivar-nos, sempre a puxar por nós e a dizer-nos que era importante voltamos a ganhar o campeonato. Isso ainda nos dava mais força para tentarmos ganhar o campeonato", revela Rui Barros. Certo é que o treinador inglês recuperou e voltou ao Porto para levar a equipa a bicampeonato. No final da época recebeu um convite do Barcelona e continuou a ter sucesso na Catalunha.
O tri foi o mais fácil e no penta queria ajudar Jardel
Em 1996/97, a saída de Robson levou Pinto da Costa a apostar em António Oliveira para o banco. "Foi uma época muito importante para nós, porque o FC Porto nunca tinha sido tricampeão. Aí já se começou a traçar objetivos e esse era um deles. Sabíamos que era importante para o clube e também para nós para ficarmos na história do tri. Agarrámo-nos a esse grande objetivo. Aquilo estava tão enraizado que sentíamos que ganhávamos, não só pela qualidade e pela confiança que tínhamos uns nos outros, como pela capacidade de sofrimento e pela atitude que tínhamos em campo. Foi um campeonato fácil de ganhar", lembrou. O FC Porto terminou o campeonato em primeiro lugar, com 85 pontos, o Sporting em segundo, com 72, e o Benfica a fechar o pódio, com 58.
O antigo avançado é um dos dois verdadeiros pentacampeões que ainda está na estrutura do FC Porto. A O JOGO recorda o feito e fala ainda da relação com os três treinadores do percurso
Embalados, os portistas foram à conquista do tetracampeonato, terminando a época de 1997/98 com nove pontos de vantagem em relação ao segundo, o Benfica. "Era uma equipa que queria bater recordes e que não se cansava de ganhar. Perdíamos poucas vezes e quando isso acontecia ficávamos muito chateados, porque não estávamos habituados".
A época de 1998/99 marca o último patamar de uma equipa que entrou na história do futebol português. "Depois de termos sido treinados por Bobby Robson e por António Oliveira, havia também a expectativa em relação ao míster Fernando Santos. Era um treinador novo e com novas ideias, mas um homem espetacular. Demos as mãos, porque também queríamos ganhar o campeonato por ele e porque queríamos entrar na história do FC Porto e do futebol português".
A juntar ao pentacampeonato, o FC Porto viu Jardel vencer a Bota de Ouro. O avançado brasileiro marcou 36 golos e tornou-se no melhor marcador de todos os campeonatos europeus. "Ajudar o Jardel a ser o melhor marcador europeu também era o objetivo, mas nem era preciso jogar para ele, porque já sabíamos que ele estava lá, no sítio certo. Ele só tinha de fazer golos. Se lhe pedissem para driblar um ou dois jogadores, ele não conseguia, mas fazia o que é mais difícil no futebol: marcar golos. Ficávamos espantados com essa facilidade", elogia Rui Barros.