O passado que inspira o FC Porto: jogos de glória e uma eliminatória na memória
Se o historial contra emblemas italianos não for motivação suficiente, o FC Porto pode sempre recordar uma eliminatória em Manchester com circunstâncias em tudo idênticas, de CR7 ao dia do jogo
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Ironia do destino, cumprem-se esta terça-feira 17 anos desde que o FC Porto escreveu uma das páginas mais gloriosas da sua história e que espera agora repetir em Turim.
Itália já foi palco de várias noites épicas dos dragões na Europa. Depois de Roma, Milão e Nápoles, esta terça-feira é a vez de tentar somar Turim ao mapa
A 9 de março de 2004, no "teatro dos sonhos", em Manchester, Costinha fez o 1-1 numa recarga a um livre de McCarthy e colocou o FC Porto nos quartos de final da Liga dos Campeões, que viria a vencer em Gelsenkrichen. Na primeira mão, os portistas tinham ganho por 2-1 ao Manchester United, um dos gigantes europeus. Agora, o adversário é italiano, mas volta a ter CR7 do outro lado, a vantagem a defender é a mesma e a eliminatória também.
O FC Porto, porém, não precisa de procurar inspiração apenas nessa noite de glória em Old Trafford, porque também já foi muito feliz no país que está a "visitar" pela 16.ª vez. Em Roma (três vezes), Milão e Nápoles, os dragões tiveram grandes noites europeias que esta terça-feira esperam repetir numa cidade onde ainda não venceram. Mas também ainda não tinham ganho à Juventus (fosse em casa, fora ou em Basileia, local da final da Taça das Taças em 1984) e há duas semanas conseguiram vergar a equipa que tem dominado o futebol transalpino na última década.
Em 2016/17, depois de um comprometedor 1-1 no Dragão, o FC Porto, orientado por Nuno Espírito Santo, foi à capital italiana despachar a Roma por 3-0 e carimbar o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Três épocas antes, mais a sul no país, em Nápoles, os portistas de Luís Castro arrancaram um 2-2 que valeu a passagem aos quartos de final da Liga Europa, depois de terem ganho em casa por 1-0. Na mesma prova (então denominada Taça UEFA), em 02/03, a final de Sevilha foi garantida na capital italiana com um nulo frente à Lázio, que tinha sido goleada nas Antas por 4-1.
Porém, foi em Milão que os dragões mais brilharam, num jogo para a fase de grupos da Liga dos Campeões que está bem presente na memória de muitos portistas, apesar de ter sido em setembro de 1996. Artur e Jardel (saltou do banco para bisar) fizeram os golos de um dos triunfos épicos do FC Porto nas provas europeias frente à maior potência do futebol italiano da altura. Mas há mais exemplos: em 81/82, os azuis e brancos, ainda longe de serem conhecidos além fronteiras, eliminaram a Roma da Taça das Taças e em 79/80 foram ganhar 1-0 a Milão, depois de terem empatado sem golos nas Antas.
Em Itália, também, os dragões venceram (1-0) a Sampdória, em 1994/95, para os quartos de final da Taça das Taças. Nas Antas, porém, os italianos igualaram e passaram após penáltis.
Resumo equilibrado é outro sinal de esperança
Se há vários exemplos de noites de sonho em Itália para inspirar os dragões, também houve outras desfavoráveis. No total, nas 15 deslocações anteriores, o FC Porto venceu quatro, empatou três e perdeu oito, uma delas (em Roma, com Conceição, em 2018/19) por um resultado que agora levaria a eliminatória para prolongamento. Em resumo, sete resultados anteriores bastariam esta terça-feira, sete não serviriam e um dava empate. Num país que dominou tantos anos o futebol europeu, são números muito encorajadores.
JOGOS DE GLÓRIA
O FC Porto já trouxe de Itália com um bilhete para a final da Taça UEFA e outro para a fase de grupos da Champions. Destronou um Milan poderoso e resistiu à pressão do Nápoles
Milan 2-3 FC Porto
Um Milan de luxo, com Maldini, Desailly, Weah, ou Baggio, esbarrou na resiliência do FC Porto, de António Oliveira. Sérgio Conceição foi titular e Jardel o herói ao sair do banco para bisar e garantir uma vitória épica na fase de grupos da Champions. Antes marcaram Simone, Artur e Weah, por esta ordem.
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Nápoles 2-2 FC Porto
Na segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa, em 2013/14, e já com Luís Castro no banco, o FC Porto foi a Nápoles com a vantagem de 1-0. A defesa era remodelada, à força de lesões e castigos, e a pressão italiana foi imensa. Pandev faturou aos 21", mas Fabiano brilhou na baliza e segurou os dragões. Acabado de entrar, Ghilas fez o 1-1 (69") e catapultou a equipa Aos 76", Quaresma fez magia antes de fuzilar a baliza de Reina e encerrou a discussão - de nada valeu o golo de Zapata, aos 90"+2".
Roma 0-3 FC Porto
Após o 1-1 no Dragão, o FC Porto tinha de marcar em Roma para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Felipe marcou aos 8" e Casillas segurou frente a Perotti, Dzeko e Salah. Uma falta dura mandou Maxi para o hospital e De Rossi para a rua, em cima do intervalo, e Emerson seguiu o capitão aos 50". Face ao colapso romano, bastou à equipa de Nuno gerir. À entrada do último quarto de hora, Laýun e Corona, de rajada, não deram hipótese a Szczesny, hoje na Juventus.
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Lázio 0-0 FC Porto
Um recital (4-1) à chuva, nas Antas, aproximava o FC Porto da final da Taça UEFA de 2003, mas o Olímpico fervilhava com a crença de uma reviravolta da Lázio. César e Hélder Postiga deixaram as equipas reduzidas a dez, aos 45". Aos 56", Vítor Baía defendeu um penálti de Claudio López, praticamente na única oportunidade que os italianos tiveram, perante uma exibição segura e rigorosa do futuro vencedor da Taça UEFA.