José Chieira esteve no último título do Panathinaikos, em 2009/10. Luso recorda tempos na Grécia e dá favoritismo dos minhotos
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Após longa vida como scout na Académica, Panathinaikos, FC Porto e Sporting, José Chieira deve ser também lembrado como o grande coordenador da base de dados portuguesa do mítico Football Manager, onde se espalharam os fenómenos Hugo Pinheiro ou Tó Madeira. Fantasia no seu esplendor. Falámos com ele por ter sido o único português a fazer parte do último plantel do Panathinaikos que se consagrou campeão grego, na época 2009/10. Estavam nas fileiras Seitaridis, Karagounis, Katsouranis, Salpingidis e estrelas de fora como Gilberto Silva e Cissé. Chieira esteve dentro desta aproximação ao topo, trabalhando quatro épocas com o emblema ateniense, na busca de um travão à hegemonia do Olympiacos, grande rival.
Foi responsável de scout internacional dos gregos entre 2006 e 2010, preparando o título na última época com Seitaridis, Karagounis, Katsouranis, Gilberto Silva e Djibril Cissé.
"A aventura foi-me proposta pelo Velic, que jogara no Amadora e fora adjunto do Fernando Santos. Tivemos boas conversas, decidiu desafiar-me para ser responsável do scout internacional. O objetivo era rodar o mundo", expõe. "Era uma situação muito complicada quando cheguei, quase não havia dinheiro e era impossível quebrar a supremacia do Olympiacos, que estava a faturar milhões em cima de milhões em cada presença na Champions. Fomos atraindo jogadores a partir do segundo ano", rebobina, detalhando o processo de fortalecimento.
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"Primeiro Karagounis e um defesa basco ex-Athletic, o Sarriegui, que nos trouxe caráter. Foi aumentando o potencial com Katsouranis, Seitaridis, Simão, Kanté e Cissé. Foi nosso goleador no título, mas a contratação-chave foi o Gilberto Silva, pelo jogador e profissional que era. Tive muita pena de não termos conseguido o Aimar, nosso alvo por muito tempo, e acreditávamos que viria para potenciar a relação do clube com a Argentina. Mas acabou por ir parar ao Benfica", recorda.
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"Era uma estrutura de jogadores que já nos dizia que estávamos preparados para ser campeões se o Olympiacos relaxasse. E isso aconteceu", situa, cedendo outros dados. "Muito importante foi o moçambicano Simão, um conselho do Queiroz ao Peseiro. Fomos por um mercado alternativo e o miúdo deu-nos muito, porque evoluiu no conhecimento do jogo, fisicamente era muito acima da média. Na frente o Salpingidis, esteticamente terrível mas de eficácia brutal. Renovava sempre por uma temporada, havia a ideia que seria a última, mas ele dava-nos sempre tanto que não encontrávamos melhor".
"'Pana' não vai dar nada"
O português monitoriza com os seus conhecimentos o Panathinaikos de 2023/24. "Está a encontrar o seu rumo sem grandes estrelas mas com uma identidade forte. Vejo um bom treinador [Ivan Jovanovic] a ler o jogo e a ajustar as peças com variabilidade ofensiva. O clube tem procurado experiência e coesão. Não é uma equipa que se possa dizer de grande scout. Mas é complicada, não vai dar nada, são fortes a reagir e a agarrar-se com tudo ao jogo", reflete. "Em termos individuais e coletivos o Braga é superior, muito superior. Tem um ponto forte, a circular entre linhas, que pode bater em cheio na fragilidade grega, os pivôs defensivos são lentos. No banco há profundidade para mudar uma partida nos últimos 30 minutos", vinca, elogiando o scouting do Braga. "Está num patamar de excelência ao nível dos grandes. É um processo maturado e muito conhecedor, com profissionais de perfil elevado e reconhecido."
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