Após ter sido decisivo no clássico com o Sporting, o criativo sobe ao palco europeu com estatuto reforçado. Antigo técnico da formação lembra caráter irreverente e algo resmungão.
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Decisivo no empate com o Sporting (2-2), com um golo e uma assistência, Fábio Vieira terá, na quinta-feira, frente à Lázio, um novo desafio: a afirmação europeia.
Esta época, já ofereceu a Taremi o tento de honra portista na receção ao Liverpool (derrota por 1-5), mas somou apenas 84 minutos na fase de grupos da Liga dos Campeões, podendo, agora, "vingar-se" na Liga Europa.
Os jogos grandes têm sido, de resto, a praia do criativo, que também já tinha faturado contra o Benfica, no campeonato, e quem o conhece desde a formação assegura que é "sob brasas" que Fábio tem "maior tendência para brilhar". "Não acusa a pressão e é um miúdo que até gosta destes ambientes provocatórios, como aconteceu no clássico", conta, a O JOGO, Luís Gonçalves, que treinou Vieira nos iniciados. Os reparos de Sérgio Conceição ao longo dos últimos meses ajudaram-no a crescer, afirma: "Parece-me mais maduro, o que acaba por ser natural. Está mais identificado com os processos da equipa e do treinador."
O "Argoncilhe" - terra natal do jogador -, como António Frasco apelidava o médio nos anos de formação, já dava mostras de qualidade na definição, mas sem a regularidade que tem exibido recentemente. "A qualidade estava lá, mas não era sempre utilizado. Faz parte do processo de afirmação, é importante que, quando são miúdos, percebam que nada é garantido", lembra o ex-selecionador de Moçambique, explicando que o amadurecimento de Fábio também é visível no comportamento. "Era um adolescente bem-disposto e brincalhão, às vezes resmungão, quando as coisas não lhe corriam tão bem. Sempre dentro dos limites do respeito, claro, mas, de vez em quando, tinha de haver intervenção da nossa parte, chamá-lo à razão. Algo como "se não estás satisfeito com o sabor da fruta, vai para o banco". Penso que isso até é benéfico para o crescimento dos jogadores", refere o treinador .
Porém, a irreverência continua a ser um fator fundamental para o futebol do camisola 50 do FC Porto. "Reflete-se dentro de campo e, nestes casos, os treinadores têm de ser capazes de perceber isso", remata. Após as provas dadas internamente, segue-se a oportunidade de brilhar em contexto europeu, agora com o estatuto reforçado pelos 12 passes para golo e os três tentos que Fábio Vieira já leva em 2021/22.