50 anos do 25 de Abril >> O treinador Henrique Calisto recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no futebol em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava na escola de Educação Física, no Porto, e como era uma quinta-feira fazia um estágio pedagógico no Liceu de Matosinhos e ia dar aulas nesse dia de manhã. Lembro-me perfeitamente que a rádio estava sempre a emitir comunicados e fomos logo para a televisão para ver as notícias. Tinha amigos ligados a movimentos de esquerda e já sabia que ia haver qualquer coisa, só não sabia que era no dia 25 de Abril. Tinha informações claras que iria haver uma revolução. Também estava ligado a um desses movimentos, não do 25 de Abril, mas estudantil, e sabíamos que iria haver qualquer coisa, até porque um mês antes, a 16 de março, tinha havido um sinal de intranquilidade nas Forças Armadas, o 16 de Março das Caldas.
Como analisa a evolução do futebol de então para cá?
O futebol evoluiu muito. Não só em relação às condições físicas, dos estádios, e das condições de trabalho. A formação dos treinadores deu um passo enorme e há uma transformação do futebol da carolice para a profissionalização. Havia muito trabalho voluntário, os ângulos de abordagem eram só feitos em relação ao jogo e atualmente são feitas abordagens limítrofes, como a organização, as condições, a logística, a bilhética, a segurança. Tudo isso é totalmente diferente. E a cobertura dos media também não tem comparação. Naquela altura havia dois jornais desportivos trissemanários e hoje temos futebol todos os dias. Há jornais diários, informação televisiva diária, internet, enfim, um mundo completamente diferente.