O meu 25 de Abril | "Talvez por andar num colégio privado, tivemos aulas normalmente"
50 anos do 25 de Abril >> Morato, antigo jogador, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no basquetebol em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava no Externato de Santa Teresinha, em Loures, com os meus colegas e com o meu irmão. Nesse dia fui para a escola e inicialmente não demos conta de que estava a suceder o 25 de abril. Pelo contrário, lembro-me bem do 11 de março de 1975 [tentativa de golpe de Estado], porque passaram os aviões militares por cima da escola e a professora mandou-nos ficar na sala.
Apesar de estar a acontecer uma revolução, talvez por andar num colégio privado, tivemos aulas normalmente. Havia um autocarro que recolhia os alunos e os levava para casa
Apesar de estar a acontecer uma revolução, talvez por andar num colégio privado, tivemos aulas normalmente. Havia um autocarro que recolhia os alunos e os levava para casa. Tinha nove anos e só em casa é que percebi que algo se estava a passar. Percebi que havia algum nervosismo na família.
Como analisa a evolução do futebol desde então?
Mudou muita coisa, umas para melhor outras para pior. No futebol, nos anos seguintes notou-se que deixaram de chegar a Portugal tantos e tão bons jogadores das colónias e que tanto beneficiaram o Sporting, o Benfica e o FC Porto. Houve também vários jogadores que experimentaram jogar no estrangeiro, o que era difícil até então. Damas, Jordão, Gomes, João Alves, António Oliveira e outros.
No futebol, nos anos seguintes notou-se que deixaram de chegar a Portugal tantos e tão bons jogadores das colónias e que tanto beneficiaram o Sporting, o Benfica e o FC Porto
Anos mais tarde, também evoluiu para melhor a situação dos jogadores em termos de negociação de contratos e da liberdade de mudar de clube. A outra grande mudança e evolução foi ao nível dos equipamentos, chuteiras, bolas, relvados. Não há comparação. Melhorou tudo. Isso e o nível de preparação das equipas, até em termos médicos. Hoje é tudo muito mais profissional e não são apenas os clubes grandes que estão bem apetrechados.