"O melhor golo? O que marquei contra o Feirense, a minha avó tinha sido operada"
André Almeida foi entrevistado por jovens adeptos convidados pelo Benfica para fazer perguntas ao capitão da equipa principal dos encarnados
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Os pequenos Tomás, Bianca, Bernardo e Diogo foram convocados pelo Benfica para colocar perguntas a André Almeida, tendo o lateral dos encarnados aproveitado para explicar como tem vivido o período de quarentena e as expectativas quanto ao regresso, para o qual assegura estar a postos , depois de ter recuperado de uma lesão que o manteve longe dos relvados durante os últimos meses.
Aqui fica, de seguida, esta mini "conferência" de Imprensa:
Durante a quarentena, do que sentes mais falta?
Costumo falar com os meus colegas durante a quarentena, temos um grupo de Whatsapp em que vamos falando e temos as nossas brincadeiras que normalmente temos no balneário e sinto muito falta disso, das nossas brincadeiras diárias, do nosso dia a dia, dos treinos, do contacto com eles, porque é muito divertido treinar com eles e desfrutar da qualidade deles diariamente. Vamos brincando com isso, tanto no grupo como em videochamadas. O que sinto mais falta é isso, mas também ter a minha liberdade para ter a minha rotina, para estar com os meus amigos e alguns familiares que agora, infelizmente, não posso devido à situação que vivemos. E, claro, o futebol, que diariamente nos completa e enche o dia a dia.
O que sentiste quando te disseram que o campeonato ia parar?
Foi difícil, especialmente para mim e por um motivo. Esta época perdi alguns jogos por lesão e estava na fase final da minha recuperação. Pensei que podia acabar a época em força e estava com essa motivação de voltar o mais rápido possível e estava para breve.
Como te sentiste com a braçadeira de capitão?
Temos a responsabilidade, por termos vivido momentos especiais e difíceis, de fazer perceber a quem chega ao clube ou está cá há menos tempo de que não temos tempo a perder com derrotas, que este é um clube demasiado grande para se pensar no que se perdeu, que apenas se tem tempo para pensar no que há para ganhar. Essa é um pouco a nossa responsabilidade, enquanto capitães e jogadores que estão no clube há mais tempo, de passar essa mensagem de grandiosidade do clube, que se vê tanto nas vitórias como nas derrotas porque nem sempre podemos ganhar, mas a maneira como reagimos a cada derrota diz muito da postura de um campeão.
Qual foi a tua melhor época no Benfica?
Escolho a da reconquista, do ano passado. Foi uma época em que fiz imensos jogos, em que acabei em sacrifício, mas com uma mentalidade muito forte e positiva. Participei em muitas assistências e golos da equipa, com a equipa a bater o recorde de golos marcados e em que tivemos um espírito e união fascinante.
Qual foi o título que mais gostaste?
Desfrutei um pouco de todos por características diferentes. O primeiro campeonato porque foi o primeiro título coletivo e foi uma sensação única poder festejar no Marquês no meio das pessoas, com pouco distanciamento, que agora não seria possível. Também gostei muito do ano do tricampeonato, porque estivemos muito tempo atrás do Sporting e tivemos uma ponta final fantástica, como foi no ano da reconquista. O ano do bicampeonato porque ganhámos tudo, em que a equipa foi muito consistente em todas as competições e é muito difícil de repetir. Deixei o tetra para o fim, não porque gostei menos, mas porque foi o que mais desfrutei, por ser algo único na história do clube e algo a que sempre me propus quando cheguei a este clube, que foi dar tudo, conquistar títulos, mas também fazer coisas diferentes, grandiosas. Esse ano foi o espelhar de todo o trabalho e sacrifício que temos diariamente e fomos favorecidos por a nossa geração ter alcançado o tetra.
Aproveitaste bem estes dias para recuperar da tua lesão?
Aproveite este tempo para me apresentar na melhor forma possível e recuperar totalmente da minha lesão.
Qual foi o melhor golo que já marcaste?
Talvez o mais bonito tenha sido contra o Braga, de pé esquerdo, ou contra o Portimonense, mais descaído para a linha lateral. Mas eu vou eleger o melhor golo o que marquei contra o Feirense no ano passado porque foi numa altura em que a minha avó tinha acabado de sair de uma cirurgia e tinha sido uma lutadora. Fiz golo nessa altura, que calhou perto do aniversário dela, e dediquei-lhe esse golo porque é uma pessoa muito importante para mim e nesse momento foi especial, deu-lhe uma força extra.
Jogas algum jogo para te entreteres durante a quarentena?
Jogo algumas vezes FIFA, mais agora porque estamos em quarentena e os meus amigos desafiam-me. Tenho jogado alguns jogos de tabuleiro com os meus pais e a minha família.
Como está a ser manter a forma física?
Os treinos têm sido mais fáceis do que estava à espera porque o Benfica proporcionou-me todo o material e planos necessários para manter a forma física. Os meus pais e os meus amigos têm-me ajudado também. Os meus pais treinam comigo na bicicleta, fazem alguns exercícios, os meus amigos muitas vezes por videochamada ou desafios nas redes sociais acabam por dinamizar o meu dia também.
Tiveste medo quando apareceu este vírus?
É uma situação complicada para todos que também serve como um abre olhos para valorizar aquilo que temos ao nosso lado e as nossas famílias e as pequenas coisas da vida. Para valorizarmos também aquilo que o nosso planeta nos dá e como temos visto o planeta está a respirar novamente. Claro que senti medo, porque é um vírus perigoso e mais do que a mim, por não vivermos sozinhos, senti muito medo pela minha família e pelos meus amigos, principalmente as pessoas de maior idade e com algumas doenças. Senti medo pela possibilidade de lhes acontecer alguma coisa, mas é um medo que nos faz querer ser melhores e proteger os nossos da melhor maneira que pudermos.
Tens saudades de treinar?
Tenho saudades de treinar com a equipa, com os colegas, com os meus amigos porque aquele espírito no balneário é uma sensação única todos os dias. O que se vive dentro de um balneário e dentro de campo não é o mesmo que treinar sozinho.