É conhecido como "Doutor Milagres" e tratou Hulk, Alex Sandro, Brahimi e Herrera
REPORTAGEM (parte 1) - Paulo Araújo, mestre em medicina tradicional chinesa, curou centenas de atletas, caso de vários ex-portistas e outros a quem antecipavam a reforma
Corpo do artigo
Quando, no passado mês de fevereiro, Marega viajou para o Catar e para a China para recuperar de uma lesão muscular que ameaçava afastá-lo dos relvados entre oito a dez semanas e fazê-lo perder o clássico com o Benfica que se jogava no início de março, o FC Porto reconheceu ter recorrido a Eduardo Santos, também conhecido por Doutor Milagres, fisioterapeuta brasileiro do Shanghai SIPG, para acelerar a recuperação do avançado.
Recupera uma rotura de cinco a sete centímetros em sete dias, quando a medicina convencional o faz em dois meses e meio.
Em dez dias, o maliano estava de volta, pronto para ir a jogo contra o Benfica, graças a uma técnica conhecida como EPI, que consiste na aplicação de correntes e microcorrentes elétricas no local da lesão através da punção de uma agulha, num procedimento guiado por ecógrafo. Mais do que a recuperação em tempo recorde do maliano, comprovou-se haver várias técnicas para o tratamento da lesão de um atleta de alta competição além das que a medicina convencional propõe, e com resultados surpreendentes.
Paulo Araújo é mestre em medicina tradicional chinesa, tendo trabalhado com Eduardo Santos, e são incontáveis as lesões que ajudou a debelar, umas vezes em parceria com os departamentos médicos dos clubes, outras por iniciativa dos atletas. "Conseguimos resultados mais rápidos, ganhamos tempo. Usamos técnicas de acupuntura que vão agir no processo mental do atleta, porque quando estamos a tratar alguém, não podemos descurar o todo", começa por explicar.
"Um jogador com uma rotura de grau um ou dois no isquiotibial, que é um músculo da coxa, tem uma lesão que demora normalmente dois meses e meio a recuperar pelos métodos ocidentais; a medicina tradicional chinesa recupera-o em sete dias", garante Paulo Araújo, devidamente documentado: "Tenho ressonâncias antes do tratamento e sete dias depois, já com a rotura fechada."
Hulk, Alex Sandro ou Brahimi são alguns dos que lhe passaram pelas mãos
A razão para tal disparidade de prazos, diz, é que com o método que aplica "há uma alteração no processo biológico, que começa na ativação do processo mental do paciente, que sente diferenças de um dia para o outro e diferenças que começam com o desaparecimento da dor, o que já facilita a recuperação".
"Depois, como focamos o trabalho energético para a área afetada, toda a vascularização é acelerada, toda a área vai ser mais irrigada, o próprio edema é mais rapidamente absorvido, o que faz com que os processos de cicatrização e regeneração dos tecidos aconteçam praticamente ao mesmo tempo", prossegue.
No fundo, o corpo cura-se com as próprias substâncias. "É tudo produzido pelo próprio organismo, sim, nada é ingerido, é o organismo que vai regenerar a zona lesionada, vamos obrigá-lo a produzir mais silícia e proteínas, com processos que a medicina tradicional chinesa usa através da acupuntura, de unguentos que cozinho e que aplico no atleta e que fazem com que a recuperação seja mais rápida. Estamos a falar de roturas musculares, entorse com roturas parciais e lesões desse género", acrescenta.
"A lesão trata-se com as substâncias produzidas pelo próprio organismo, ativadas com a acupuntura"
Ukra esteve para pendurar as botas
Ukra foi um dos casos mais recentes que Paulo Araújo teve em mãos, recuperando-o e permitindo-lhe adiar o final da carreira: "Ele fez uma rotura do tendão que une a rótula do joelho. A recuperação não terá sido a melhor, embora fosse um caso complexo, mas trouxe complicações - ele tentava jogar e sentia dores terríveis. Apareceu através do agente, o Carlos Gonçalves, que me pediu que o visse, porque estava sem jogar e tinha a perspetiva de acabar a carreira.
"Fiz o meu diagnóstico, peguei nos exames dele e fizemos uma recuperação com um profissional que foi um animal de trabalho. Regeneraram-se tendões e músculos para fortalecer o joelho. Trabalhámos com bola dois meses. Ao mesmo tempo havia o trabalho mental de quem arrastava um processo difícil de curar. Meteu-se a família ao barulho para o apoiar, transmitir-lhe a motivação e a alegria necessárias", recorda.
Mas há mais: Danilo (Manchester City), Alex Sandro (Juventus), Hulk (Shanghai SIPG), Brahimi e Herrera (FC Porto) e Cristian Tello (Bétis), só para citar alguns, são ou foram seus pacientes.
Os tratamentos na medicina tradicional chinesa são tão fiáveis que Paulo Araújo garante nunca ter tido um caso de recidiva em mais de uma década de trabalho
Hulk não hesita em meter-se no jato particular e deslocar-se ao Porto para fazer tratamentos. Mas as lesões tratadas ultrapassam o âmbito do futebol. "Tive uma atleta de dança, uma atleta de excelência, que me apareceu com uma rotura total e parcial de alguns tendões do pé. Tinham-lhe apontado a operação como única solução. Se isso acontecesse, a carreira ia por água abaixo. Mas recuperei-a e hoje dança. Foi fazer uma ressonância depois do tratamento e levou-a ao mesmo cirurgião que lhe tinha dito que teria de ser operada. Ele viu os resultados e deu-lhe os parabéns por ter procurado outras soluções", acrescentou.
Maior rotura tinha 10 centímetros
Curar uma rotura muscular de cinco a sete centímetros demora entre oito a dez semanas através da medicina convencional. Mas Paulo Araújo tem um recorde: "A maior rotura que já tratei tinha dez centímetros, até perguntei se não tinha sido esfaqueado [risos]... E bastou uma dezena de dias. A cicatrização fica sem fibrose, ou seja, a informação entre os tecidos funciona como se não tivesse existido rotura."
11135925