O Benfica recupera de uma pesada derrota em pleno Dragão, com o 5-0 a passar a ser o maior desaire de Schmidt ao serviço das águias. O momento da equipa e a distribuição de responsabilidades justifica discussão e para João Braz Frade, antigo vice-presidente, o primeiro é mesmo o treinador alemão e os pecados são vários
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Rui Costa pediu desculpa no final do jogo com o FC Porto e assumiu a responsabilidade. Que peso tem o presidente na derrota e no momento?
-Quem escolhe os jogadores que vão jogar, quem define os esquemas táticos, quem estuda ou não os adversários, quem coloca os jogadores nas posições em que jogam, é quem tem maior responsabilidade. É claro que alguns jogadores, sobretudo se não se empenharem, e nem todos o têm feito, são corresponsáveis. E no limite, como em qualquer organização, a responsabilidade é também do presidente, que no caso do Benfica também tem a responsabilidade do futebol, porque é a ele e à estrutura do futebol que lhe cabe a última palavra sobre a escolha de treinadores e jogadores. Há jogadores que se esfolam em todos os jogos, mesmo joguem bem ou não, como o João Neves, Aursnes, o Otamendi, o António Silva para citar alguns, mas outros há que andam no campo em ritmo de passeio e o treinador insiste em mantê-los como titulares. Não há fio de jogo, não parece haver motivação, não há rigor, as trocas de posição de cada jogador são tantas que não se criam rotinas, enfim, não há organização no futebol do Benfica. Os jogos são resolvidos pelo talento individual de alguns jogadores.
Que pecados aponta ao treinador?
-Na escolha da equipa há elementos que claramente não acrescentam nada e são sistematicamente escolhidos e a manutenção desta teimosia faz com que o Benfica enfrente a maioria dos jogos com nove jogadores porque há pelo menos dois que contribuem muito pouco. O segundo pecadilho é a troca de jogadores das suas posições, ao ponto de poucos jogarem no lugar certo. Não se compreende porque Di María é utilizado 90 minutos, pois sendo um jogador do outro mundo, a sua utilização devia ser doseada por forma a obter o melhor rendimento sempre que está em campo. Eu bem sei que é o único que marca bem as bolas paradas, mas ainda assim a gestão da utilização dele é claramente deficiente. Depois, a escolha dos avançados. Só um ceguinho é que não percebe que atualmente o Arthur Cabral dá melhor conta do recado. Demorou a dar certo, é um facto. Mas agora parece-me ser quem está melhor para a função. Mas eu não consigo perceber o critério da escolha do treinador. Nem desta nem doutras… O maior pecado é Schmitd não aprender com os erros, ou pior, nem sequer os reconhecer! Por exemplo, tirar o melhor jogador do meio-campo na época passada, Aursnes, para o colocar a defesa ora esquerdo ora direito. E não se pode pedir ao João Neves para jogar por três que é o que tem acontecido uma vez que ele tem que aguentar praticamente com todo o trabalho do meio-campo. Eu nem me atrevo a dar palpites, mas julgo que não haverá um benfiquista que não saiba sugerir melhores alternativas para reforçar o meio-campo. Isto é a opinião de um sócio cuja paixão pelo clube apenas lhe permite ser treinador de bancada, sem opinião técnica, mas com opinião!
Roger Schmidt deve continuar?
O comportamento do senhor Schmidt faz-me lembrar a anedota dos soldados do batalhão que recebem ordem de marchar e marcham todos para o lado direito, mas há um deles que, distraído, arranca para o lado esquerdo. Quando confrontado com o erro responde que os outros é que estão todos errados. A Direção tem os dados todos para decidir sobre o treinador. Eu não conheço nenhum detalhe. Só quem pode ponderar tudo é a Direção e os responsáveis do futebol. Eu não o vejo capaz de motivar os jogadores, de terem uma atitude de luta em todos os jogos. São demasiados jogos com a equipa a mostrar falta de organização e falta de atitude competitiva, sempre a tentar resolver no talento dum ou outro jogador. O maior problema do senhor Schmidt é não ter a humildade necessária para reconhecer os erros e mudar, ou simplesmente não ter capacidade para mudar e também não perceber o clube em que está, como ficou evidente nas declarações que fez ontem em sentido contrário das declarações do presidente sobre o jogo. Já era tempo!