Dois treinos de conjunto com a equipa B, que usou os princípios do Sporting, simularam o que se passa-ria em Alvalade. Observados os últimos 15 jogos de Rui Borges e muitos treinos individuais
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O FC Porto passou com distinção no primeiro grande exame da época, vencendo em casa do campeão nacional, fruto de uma estratégia preparada ao longo da semana por Francesco Farioli, que não só procurou minimizar os efeitos das baixas na sua equipa como, sobretudo, domar a equipa leonina em sua casa. O JOGO conta-lhe os segredos do trabalho realizado no Olival e que estiveram na origem de um triunfo que deixou os dragões isolados na liderança do campeonato. Análise, ensaio tático e simulação competitiva foram os pontos fortes. Vamos aos pormenores.
Para o seu primeiro clássico em Portugal, Farioli transformou o Olival num laboratório de análise e de treinos intensivos, no fundo, à semelhança do que fez desde que assinou pelo FC Porto. Cada unidade de trabalho, cada exercício e cada discussão tática foram cuidadosamente planeados e, como é normal, o processo começou fora do campo. Juntamente com a restante equipa técnica, foram dedicadas longas horas a estudar ao pormenor os últimos 15 jogos do Sporting de Rui Borges, analisando padrões de jogo e identificando a forma como a equipa leonina se adaptou a diferentes contextos. Seguiu-se a observação individualizada, com análises detalhadas dos principais jogadores do rival, com foco na deteção dos pontos fortes, comportamentos sob pressão e situações que poderiam ser exploradas.
Nos relvados do Olival, as unidades de treino foram divididas entre sessões coletivas e individuais. Nas primeiras, o foco esteve na pressão a exercer em Alvalade – que levaria o Sporting, muitas vezes, a ter de sair com bolas longas –, na organização defensiva e também na circulação ofensiva. No trabalho personalizado, os jogadores apuraram pormenores técnicos e físicos, tendo em vista os duelos individuais com os rivais.
Por duas vezes ao longo da última semana, Farioli pediu ajuda a João Brandão, convocando a equipa B para treinos de conjunto com cenários controlados. Ou seja, procurando replicar situações de jogo, testando estratégias e contextos em tempo real, como, por exemplo, jogar contra 10 elementos, em vantagem e em desvantagem no marcador e outras “nuances” a nível tático.
De Jong no onze por estratégia
Farioli confirmou na sexta-feira a notícia de O JOGO sobre a disponibilidade de Samu para o clássico e houve quem estranhasse que a titularidade tenha sido dada a Luuk De Jong. A questão física pesou, naturalmente, afinal o espanhol tinha feito um esforço enorme para recuperar em tempo recorde de uma pequena rotura muscular, mas a aposta no neerlandês prendeu-se, sobretudo, por questões táticas. Afinal, foi com De Jong que o Sporting foi preparado ao pormenor. A estratégia desenhada e afinada para domar o leão passou também pela capacidade do reforço ganhar os duelos aéreos e de servir de elo de ligação com os alas e os médios, atuando muitas vezes de costas para a baliza. Foi isso a ser testado nos dois duelos com a equipa B e a escolha de Farioli viria a revelar-se acertada, afinal até foi o neerlandês a abrir o marcador.