Este sábado (18h00), no Estádio da Luz, Benfica e Sporting esgrimem argumentos numa partida que pode decidir o segundo lugar. Cajuda e Azenha explicam as diferenças entre os rivais de Lisboa.
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O híbrido está na moda não apenas nos automóveis e o Sporting prova-o no futebol, sem poluição e com um elevado índice de poupança que se viu em muitos dos jogos que levaram à caminhada triunfal até a conquista do campeonato nacional da presente temporada.
Rivais têm matriz tática semelhante, mas metamorfose leonina faz toda a diferença
Este sábado, no Estádio da Luz, os economicistas de Rúben Amorim têm um teste de resistência, talvez o último e mais complexo para o objetivo de terminar a Liga NOS sem derrotas, colocando à prova a sua mutação tática, elogiada por todos, em particular por Manuel Cajuda, que, a O JOGO, explica a "arte de uma movimentação sistémica" que está na base do sucesso verde e branco.
Mas tal, advoga o experiente técnico, só é possível pela "insistência e regularidade" dos leões. "O Sporting sempre foi regular e o Benfica completamente irregular. O Sporting sempre utilizou aquilo que chamo de sistema tático híbrido e o Benfica nunca assumiu diretamente esse sistema. Pela experiência que tenho como treinador, digo que os sistemas táticos não se mudam com regularidade, aquilo que se muda são as táticas operacionais, mudam-se movimentos e missões dos jogadores", frisou, colidindo com a ideia muitas vezes defendida por Jorge Jesus quanto ao futebol do futuro, acrescentando: "O Sporting manteve sempre a mesma forma de jogar, foi mudando pontualmente missões e movimentos, o que lhe deu uma certa hegemonia, mesmo em jogos que jogou menos bem esteve uniforme. No Sporting é possível fazer aquilo que chamo de a arte do futebol, fazer movimentação sistémica, quando a mesma equipa tem um sistema tático base e consegue utilizar dois ou três diferentes ao mesmo tempo. Defendem em 5x4x1 ou 5x3x2 e quando ataca fica em 3x2x5."
Carlos Azenha, também ele treinador de futebol, aponta defeitos a duas equipas que no 3x4x3 "defendem com linhas de cinco". "As duas equipas defendem mal com três jogadores. O Sporting melhorou muito com a entrada de um defesa rápido como o Gonçalo Inácio, Coates fez uma época soberba, mas não é rápido e Feddal é um relógio. No Benfica, Otamendi tem boa passada, Lucas Veríssimo é bom para este sistema e Vertonghen é experiente, mas não muito rápido", frisou, virando agulhas para os laterais: "Defendem os quatro mal. Nuno Mendes e Grimaldo são a mesma coisa, atacam muito bem, mas defendem mal... colocam mal os apoios, por exemplo. Nuno Mendes é mais físico. Na direita, o Pedro Porro ganha na agressividade a defender, o Diogo Gonçalves também ataca bem. Mas com bolas nas costas são os dois sempre "comidos"."
Jogo entre linhas é essencial e pode decidir
Mas como se contraria este tipo de jogo, com as bases táticas que as equipas vão apresentar? Carlos Azenha vaticina. "Tem de ser com um jogo forte entre linhas, o Sporting tem o Pedro Gonçalves, que ocupa muito bem o espaço, enquanto no Benfica é o Taarabt, que é um craque nessa função. O Pizzi também o pode fazer", adicionou, mencionando outros aspetos a ter em conta em termos ofensivos, como os desempenhos de Rafa ou Nuno Santos.
"O Rafa permite transições muito rápidas, o Nuno Santos não é tão rápido, mas é muito vertical. O Everton? Ainda não vi nada dele, nota-se que é jogador pelos pormenores." Manuel Cajuda prefere ir por quem poderá ser mais influente ou decisivo no encontro. "No Sporting, Coates e João Palhinha. No Benfica é mais difícil escolher porque nenhum jogador fez um campeonato acima do banal, talvez o Rafa... por ser o mais desequilibrador e tem atuado a um nível superior ao dos outros", rematou.