O argelino ofereceu bens alimentares ao Coração da Cidade. Estão garantidas duas mil refeições por dia durante duas semanas.
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O Coração da Cidade, uma das instituições de solidariedade social que mais pessoas ajuda na cidade do Porto recebeu ontem bens de primeira necessidade, nomeadamente alimentares, enviados por Brahimi, ex-jogador do FC Porto e atualmente ao serviço do Al Rayaan.
No total, foram 10 mil euros de apoio e uma quantidade, em toneladas, que supera largamente a norma das ofertas recebidas.
O argelino morou cinco anos na Invicta e decidiu ajudar uma instituição da cidade. O "Coração" acabou por ser recomendado por um amigo. Brahimi só queria contribuir nesta fase difícil. "Não queria muito falar sobre isso. Até preferia que o meu nome não aparecesse... Mas o que dei não é nada comparado com o que a cidade me deu a mim e à minha família", explicou, contactado por O JOGO. "Só posso dizer que tenho muitas saudades do Porto e que, para mim, é uma cidade muito importante. Aliás, para mim e para toda a minha família", frisou.
La Salete Piedade, responsável pela instituição, ficou muito sensibilizada com "o grande coração de Brahimi" e destacou o valor da oferta. "Precisávamos de mais assim. Toda a ajuda é bem vinda", brincou até, muito satisfeita por, durante as próximas duas semanas, pelo menos, mais de duas mil pessoas terem almoço e jantar a assegurado. "Mais ou menos isso. As toneladas que ofereceu devem dar para cozinhar duas semanas. Obrigado", voltou a agradecer.
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Do camião de alimentos fornecidos por Brahimi constam arroz, massa, sal, azeite, óleo, grão de bico, ovos, açúcar, polpa de tomate, atum e outros bens não perecíveis. Do grupo de alimentos que habitualmente a instituição recebe, só não estão as salsichas. "Ele não come. A religião dele não permite", explica. "Mas não há qualquer problema. Cozinhamos outras coisas. Obrigado a ele", repetiu La Salete.
A obra social, localizada junto à Rua Antero de Quental, no centro da cidade, serve agora duas mil refeições em regime de take-away. Ao todo são 675 pessoas que vão buscar e apoio a mais de 500 famílias apoiadas. A larga maioria dos indivíduos é sem abrigo ou mora em quartos alugados, pelo que só o recurso à solidariedade lhes pode permitir refeições quentes regulares. "Está muito pior desde que a pandemia chegou. Em 2000, quando chegaram emigrantes de Leste com dificuldades, também não foi fácil. Mas, na altura, eram cerca de 1200 refeições. Agora aumentou...", lamentou a responsável, mais esperançada depois do gesto benemérito do argelino.
Solidariedade também no IPO
A passagem de Brahimi por Portugal (cinco épocas e dois títulos) teve alguns episódios solidários conhecidos e muitos outros que o jogador optou por esconder. Há um, no entanto, que marcou e foi, até, destaque no nosso jornal. Brahimi foi visitar e jogar futebol com um grupo de crianças internadas no IPO que tinham um grupo a que chamavam "Os Resistentes". Depois convidou-as todas para irem ver um jogo ao Dragão e ofereceu uma camisola a cada um dos meninos que lutava contra um problema oncológico.