"O FC Porto em vez de competir por jogadores com o Atlético ou o Barcelona, compete com o Burnley, o Sunderland..."
Declarações do presidente do FC Porto, André Villas-Boas, à margem do Portugal Football Summit, evento que decorre na Cidade do Futebol até sábado e no qual marcou presença esta sexta-feira
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Mercado: "Estar cada vez mais difícil contratar tem muito a ver com os custos para contratar. O FC Porto fez compras avultadas que obrigam a salários avultados e isso tem um impacto direto sobre as nossas contas. Isto é uma aposta que nós fizemos, um investimento muito forte, tivemos que reestruturar toda a parte financeira do clube, tivemos que vender muito em janeiro e em junho do ano passado para ter esta folga económica que nos permitiu atacar o mercado. Está mais difícil contratar porque o FC Porto em vez de competir por jogadores com o Valência, o Atlético de Madrid, o Barcelona ou o Marselha, compete com o Burnley, o Sunderland e o Bolonha. 50% dos clubes que estão na UEFA já são de uma 'multi-club ownership', têm facilidade a transferir jogadores dentro da sua cadeia de clubes, grandes volumes de receitas e capacidade de investimento fruto de proprietários e donos com capacidade financeira para permitir esse tipo de investimentos. Nós temos cada vez mais competição, acresce que as estruturas dos grandes clubes, do Real Madrid, do City e do Barça já contratam os miúdos de 16, 17 ou 18 anos que antes vinham para o futebol português. O Vinícius, o Endrick e o Estêvão são contratados pelo Chelsea e pelo Real Madrid, em vez de serem pelo FC Porto e pelo Benfica, porque já não conseguem competir. Todo este cenário de transformação é alarmante e obriga a grandes respostas. Nós estamos abertos a ter estas discussões positivas, mas quando há vazio e inocuidade nas Cimeiras de Presidentes em que ninguém abre a boca... o presidente do FC Porto fala e é confrontado com assuntos paralelos do futebol português e clubes que não querem investir na tecnologia VAR, câmaras montadas em postes de iluminação e um produto sem qualidade... perdemos tempo e não avançamos."
Três grandes alinhados? "Não obrigatoriamente os presidentes, mas um alinhamento estratégico é absolutamente fundamental para criarmos valor. Este é um bom caminho, o Portugal Football Summit destaca três CFO"s, homens de grande estratégia, de grande conhecimento financeiro, que sabem precisamente onde é que querem chegar e os caminhos para lá chegar. É um primeiro passo, depois é preciso um homem unificador. Se é o presidente da Liga, o presidente da federação ou os demais 'players' que nos podem ajudar nestes processos, porque nós temos grandes gestores internacionais colocados no futebol mundial, então que assim seja e que sejamos capazes de nos unir rapidamente e de chegar a soluções que impactem diretamente no valor do futebol português."