Os dois maiores clubes do Minho - V. Guimarães e Braga - defrontam-se esta noite em plena crise de resultados. Dérbi ganhou uma importância vital para a definição dos lugares europeus e não há margem de erro...
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O dérbi de hoje vai ter contornos diferentes de todos os outros. Desta vez, não haverá adeptos nas bancadas - e eles ganham, nestes jogos, uma importância acrescida -, ainda que esteja desde já garantida emoção no relvado.
O Braga superiorizou-se ao V. Guimarães na última década, depois de ter entrado neste século em desvantagem
Tendo em conta as circunstâncias, bem se pode dizer que o jogo desta noite é decisivo para o V. Guimarães, mas igualmente importante para o Braga no que diz respeito à luta por um lugar nas competições europeias da próxima época. No entanto, as duas equipas minhotas chegam a este confronto separadas na classificação por sete pontos - o V. Guimarães tem melhor goal-average (44-29 contra 43-30) -, com o Braga a assumir uma vantagem aparentemente confortável sobre o seu grande rival.
Aliás, essa superioridade arsenalista tem sido uma constante ao longo da última década, não só através dos vários feitos alcançados pelo clube (conquista de troféus e melhores classificações no campeonato), mas sobretudo nos confrontos diretos. Curiosamente, os últimos 10 anos antes da viragem do século tiveram uma clara superioridade do V. Guimarães (nove triunfos, cinco empates e seis derrotas), que foi anulada na década seguinte (sete vitórias para cada lado), antes de ter sido completamente revertida desde 2011 (13 triunfos do Braga, contra apenas quatro do V. Guimarães).
Triunfo: o Braga venceu (2-0) na partida da primeira volta, com golos de Paulinho e Galeno
Apesar destes números, o confronto de hoje chega numa fase em que as duas equipas atravessam um mau momento de forma, sobretudo depois da retoma do campeonato após a paragem provocada pela pandemia da covid-19.
Ivo Vieira assumiu o "problema" que fez com que o Braga perdesse o terceiro lugar para o Sporting e o V. Guimarães se atrasasse, de forma preocupante, dos seus principais adversários na luta pela Europa. "Analisando de uma forma bruta, Vitória e Braga não estão ao seu nível. Qualquer uma tem capacidade e qualidade para mais. Neste jogo, mais do que jogar bem, importa é ganhar", analisou.
E a ausência de vitórias tem sido justificada, em boa parte, com a falta de eficácia no último terço do terreno, mais gritante ainda no Braga, que já não faz um remate enquadrado com as balizas adversárias há 144 minutos, tendo marcado apenas dois golos nos últimos três jogos.
Histórico: a última vitória (2-1) do V. Guimarães em Braga foi na época de 2016/17. Josué e Soares marcaram
Custódio já disse sentir, por mais do que uma vez, que as equipas que assentem o seu jogo numa forte organização ofensiva têm sentido mais dificuldades nesta retoma, sendo certo que os mais recentes resultados lhe têm dado razão.
No dérbi deste noite estará mais em jogo do que o orgulho habitual, uma vez que as duas equipas também vão jogar parte significativa da época - assim como os dois treinadores, que têm o futuro em risco nas respetivas equipas. E é por isso que este confronto da Pedreira vai ser tão especial.
Plantel bracarense dobra em termos de valores
O plantel do Braga está avaliado em 89,5 milhões de euros, mais do dobro do valor atribuído aos jogadores do V. Guimarães (40,38M€). Pedro Henrique, Lucas Evangelista e Marcus Edwards são os mais valorizados (3,2M€) pelo site Transfermarkt, onde a diferença entre os dois plantéis é significativa, ao ponto de haver 12 jogadores do Braga com um valor superior. Trincão lidera a lista dos arsenalistas (16M€), seguido de Ricardo Horta (8M€), Galeno (5,5M€), Paulinho (4,8M€), Bruno Viana (4,8M€) e Palhinha (4,8M€).
Goleadores perdem influência
Ricardo Horta, Paulinho e Davidson participaram diretamente em 71 golos ao longo desta temporada. O extremo do Braga (19 marcados e sete assistências) é o jogador mais influente das duas equipas, ainda que os três tenham em comum o facto de terem perdido importância nas respetivas equipas desde o regresso do campeonato.
A preponderância de Ricardo Horta, Paulinho e Davidson desapareceu após o regresso...
A verdade é que nas últimas três jornadas, tanto Braga como V. Guimarães não tiveram o contributo dos seus jogadores mais decisivos - com os consequentes problemas na finalização, que ajudam a explicar o facto de ainda nenhuma das equipas ter vencido no pós-retoma. No aspeto ofensivo, o Braga até está bem pior, uma vez que conseguiu marcar apenas por duas vezes desde a retoma e logo no primeiro jogo com o Santa Clara.
Depois disso, ficou em branco na receção ao Boavista e na visita a Famalicão, naquele que foi um dado inédito esta temporada. Apesar de também não ter vencido nenhuma das três partidas, o V. Guimarães apresentou-se com a mira ligeiramente mais afinada no regresso, mesmo sem o contributo de Davidson, que chegou à paragem do campeonato já com 10 golos marcados e 11 assistências. E hoje, quem vai decidir?
Diferença nos minutos
O Braga chega ao confronto desta noite com 47 jogos realizados ao longo da temporada, apenas mais dois do que o V. Guimarães, ainda que já tenha sete jogadores com mais de três mil minutos de utilização, ao contrário do que acontece com os vimaranenses. O FC Porto é o clube português com mais jogos realizados (49).
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