Um jogo, em média, a cada três dias; regra das 72 horas sob pressão; pausa de inverno pode ter falsa partida; noites de segunda-feira continuam a fechar jornadas; adeptos contestam horários que os impedem de acompanhar as equipas. Liga e clubes prometem trabalho para resolver as várias questões, mas... não é fácil.
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Entre 20 de outubro e 10 de novembro, os cinco emblemas envolvidos nas competições europeias - Benfica, FC Porto, Sporting, Braga e V. Guimarães - disputarão, em média, uma partida a cada três dias.
É pouco provável que a Liga consiga evitar a marcação de jogos à segunda-feira. Aliás, em debate pelos dirigentes dos clubes e do organismo está a manutenção do mesmo modelo de calendário no resto da temporada
Segue-se uma pausa para Seleções, mas tal não significa um alívio na carga dos jogadores, pois sobretudo os três grandes fornecem mais de uma dúzia (em média) de internacionais. E, a contar com isso, pode até dizer-se que o ciclo infernal se estende até 1 de dezembro.
Liga dos Campeões ou Liga Europa, I Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga, além da qualificação do combinado das Quinas para o Euro"2020 e os compromissos de outras seleções são uma carga que se fará sentir de forma mais acentuada a partir de meados de outubro (ver quadros ao lado). Não que até aqui tenha sido um passeio - pelo contrário -, mas o que se aproxima é uma autêntica tormenta, que se inicia com a entrada em campo das equipas de primeira divisão na terceira eliminatória da Taça de Portugal (fim de semana de 20 de outubro), prossegue a meio da semana seguinte com as eurotaças, duas jornadas da I Liga na mesma semana, nova etapa europeia de clubes e, por fim, a jornada 11 do campeonato principal (fim de semana de 10 de novembro).
Campeonato: Liga e clubes admitem usar a estreante pausa de inverno para... aliviar a carga de jogos
Mas há mais: a 14 e 17 de novembro disputa-se a dupla ronda da seleção nacional (Ucrânia a 14 e Luxemburgo a 17 de novembro) e de outros combinados onde atuam jogadores da I Liga (da Ásia à América do Sul), assim como um novo ciclo apertado para os clubes: Taça de Portugal a 24 de novembro, eurotaças a meio da semana seguinte, cujo fim de semana será palco da 12.ª jornada da I Liga. Ou seja, uma outra série (três jogos) e uma partida a cada três dias.
Atendendo à aproximação deste ciclo infernal e ao facto de ter passado para a praça pública o debate da necessária proteção às equipas que disputam provas internacionais no início da temporada, os clubes e a Direção da Liga, na última Cimeira de Presidentes, realizada a 4 de setembro, debateram a criação de propostas para novas condicionantes ao calendário da próxima temporada (ver peça à parte) e ponderaram a possibilidade de utilização da pausa de inverno, instituída esta temporada (fim de semana de 28 e 29 de dezembro), para a realização de jogos adiados ou até antecipados, dado que janeiro também promete não ser fácil.
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Uma outra data alternativa para adiamentos no apertado calendário da época é a meio da primeira semana de dezembro, entre a 12.ª e a 13.ª jornadas.
Segue-se, no último mês do ano, um novo ciclo complicado para os cinco emblemas com tarefas internacionais: mais uma jornada europeia (10 a 12 de dezembro), a disputa da 14.ª jornada da I Liga a 14 e 15 de dezembro, os oitavos de final da Taça de Portugal (de 17 a 19 de dezembro) e a terceira jornada da Taça da Liga, a 21 e 22 do mesmo mês, ao que se segue a referida pausa de inverno, que resultou de um entendimento com a Federação Portuguesa de Futebol, nomeadamente pela sua direção técnica nacional.
Pressão nas 72 horas
A carga de jogos das equipas é tão grande, sobretudo entre outubro e janeiro, que Pedro Proença, presidente da Liga, admitiu publicamente "beliscar" a regra das 72 horas de intervalo entre partidas, em declarações proferidas após a última Cimeira de Presidentes, na semana que terminou, questionado sobre os protestos dos adeptos pelo horários tardios.
Porém, e segundo fontes de O JOGO presentes nesse encontro, as exceções que possam conduzir ao incumprimento das 72 horas foram tema no encontro entre os dirigentes das sociedades desportivas e serão ponderação constante na Comissão Permanente de Calendários. A ideia é permitir alguma flexibilização na regra, desde que haja acordo entre equipas, garantiram as mesmas fontes.
Também apurámos que haverá uma extensão dos horários noturnos, previstos apenas até final de setembro, mantendo-se segunda-feira como dia de jogo, tendo por argumento a preservação do período de descanso regulamentar.
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As 72 horas de intervalo entre partidas são mais do que uma mera recomendação clínica e de gestão competitiva: trata-se de uma medida que previne e evita lesões graves dos futebolistas, sublinham inúmeros estudos científicos, tal como as recomendações da FIFPro, a federação internacional das associações de futebolistas profissionais, filiada da FIFA.
O atual Regulamento de Competições da Liga, nomeadamente no seu artigo 44.º, sobre a calendarização, já prevê algumas exceções e proteção aos envolvidos nas eurotaças, com privilégios na marcação de jogos.
No fundo, o que será agora considerado pela Comissão de Calendarização da Liga é uma interpretação mais vaga das alíneas anteriores: permitir que quando um clube que esteja nas competições europeus necessite de flexibilizar esta questão das 72 horas, o possa fazer desde que tenha o acordo do seu adversário.